Trabalhadores rurais temem novos assassinatos no Amazonas

13/03/2006 - 12h26

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus – Os trabalhadores rurais que vivem no sul do Amazonas estão em alerta. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Sul de Lábrea (AM), Valdivino Pereira da Cruz, disse hoje (13) à Radiobrás que teme novos assassinatos na região.

"Todo mundo está com medo. Tanto os que estão no acampamento, quanto a equipe que trabalha fora. Assim como mataram um, podem matar dois, três ou quatro, né?", desabafou Cruz. "Eram sete que havia na lista. E até agora só tiraram a vida de um".

No último dia 27 (fevereiro), o agricultor e sindicalista Gedeão Rodrigues da Silva foi assassinado próximo ao acampamento onde desde abril vivem 60 famílias de sem terra (no começo da ocupação, eram 150).

De acordo com o presidente do sindicato e com o delegado regional de Lábrea, capitão Claudemir dos Santos, várias testemunhas apontam José Francisco de Almeida (Zé do Boné) como o assassino. Ele teria dito, ao realizar os disparos, que outros seis diretores do sindicato estariam marcados para morrer.

A polícia esteve no local do crime até a última quarta-feira (8). Gedeão foi morto ao sair de uma festa de aniversário, na altura do quilômetro 25 do Ramal Mendes Jr (o acampamento fica no quilômetro 34).

Esse ramal está localizado no quilômetro 150 da BR-364, que liga Porto Velho a Rio Branco. O sul de Lábrea é isolado da sede do município: para chegar lá é preciso ir de carro a Rio Branco (Acre) ou a Porto Velho (Rondônia) e, então, fretar um avião.

"Não ficou ninguém aqui, os policiais e os técnicos do Incra ( Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ) foram embora", lamentou, pelo telefone, Valdivino Pereira da Cruz. "Alguns jagunços disseram que a vinda da polícia era coisa minha e que iam me pegar. Agora, para me proteger, só Deus e eu mesmo".

O delegado regional de Lábrea, que está em Manaus, vai pedir à Secretaria de Segurança Pública a instalação de um posto policial no sul do município. Além disso, ele pretende entrar em contato com as polícias de Rondônia e do Acre – e, se necessário, firmar convênio com ambas - para que elas possam atuar na área em situações de emergência, até a chegada dos policiais do Amazonas.