Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - Técnicos do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) iniciam hoje coleta de sangue e de informações em dois bairros de classe média do Recife, Parnamirim e Casa Forte. A iniciativa tem o objetivo de é identificar os moradores das duas comunidades que já contraíram dengue.
Em um trabalho de campo realizado por equipes do Aggeu Magalhães há dois anos, ficou comprovado que as duas localidades apresentaram o maior número de ovos do mosquito Aedes aegypti, causador da doença.
De acordo com a médica Cynthia Braga, pesquisadora do departamento de parasitologia do Aggeu Magalhães, é importante que as pessoas colaborem com o estudo, uma vez que muita gente teve a doença sem nem saber e, em um segundo contágio, corre risco de contrair dengue hemorrágica, que pode matar.
"A expectativa é examinar 1.300 pessoas com idade entre 5 e 64 anos", observou. Ela disse que a estratégia é conhecer o vírus que está circulando e identificar a população infectada para facilitar o trabalho dos serviços de saúde, no que se refere à tomada de medidas preventivas.
A médica afirmou que o material e as informações fornecidas pela população, os cientistas podem ter mais dados que auxiliem na pesquisa para a criação de uma vacina de dengue no futuro. Os pesquisadores vão visitar as residências sorteadas semanalmente, de segunda a quinta-feira, das 16 às 20 horas.
O levantamento, que deve durar de três a quatro meses, abrange também os bairros de Engenho do Meio e Brasília Teimosa. Estudos preliminares realizados este ano no Engenho do Meio indicam que 90% da população contraíram dengue. Desse total, 70% eram crianças de até 14 anos.
O trabalho faz parte do projeto Saudável, Sistema de Apoio Unificado para Detecção e Acompanhamento em Vigilância Epidemiológica que conta também com apoio de pesquisadores do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São Paulo, e de outras instituições.