Instituto Butantan inicia amanhã produção comercial de vacina anti-rábica nacional para humanos

13/03/2006 - 19h23

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Instituto Butantan, centro de pesquisa ligado à Secretaria de Saúde de São Paulo, vai produzir, a partir de amanhã (14), em escala comercial, a primeira vacina anti-rábica nacional para humanos. Além de mais barata, a vacina é mais eficiente que a que vem sendo importada até agora pelo Brasil. As primeiras doses estarão disponíveis nos postos de saúde dentro de três meses.

Segundo a coordenadora do estudo que levou à produção da nova vacina, a pesquisadora Neuza Frazatti, o produto nacional tem outra vantagem. "Ela é um pouco mais eficiente. Mas a grande vantagem dela [da vacina nacional] não é nem essa eficiência em nível de proteção. É a pureza, ela é muito mais pura, por se tratar de meio que não contém soro", explicou. É que a vacina tradicional leva uma mistura à base de soro animal retirado de fetos bovinos. Com isso, existe o risco, mesmo que pequeno, de contaminação pelo vírus da Vaca Louca.

Os pesquisadores do Butantan trocaram o soro animal por uma base vegetal e conseguiram mais eficiência e também custos menores. A vacina usada atualmente nos postos vem da França e é adquirida por US$ 8. Já a vacina que começa a ser produzida no instituto tem custo de US$ 5. Como o Brasil tem demanda anual de três milhões de doses de vacina anti-rábica, a economia será de US$ 9 milhões. Segundo Neuza, mesmo com uma pequena margem de lucro na venda das vacinas ao Ministério da Saúde, o Butantan ainda terá retorno suficiente para investir em novas tecnologias.

A pesquisadora alertou sobre a importância de se procurar um posto de saúde caso alguém seja mordido, arranhado ou lambido por cães, gatos ou por outro animal de sangue quente, como o morcego. "Não é admissível, ainda mais quando se tem uma vacina tão boa disponível, que alguém morra de raiva nos dias de hoje", ressaltou Neuza Frazatti.

Ela enfatizou que a vacina francesa é tida como uma das melhores do mundo e continuará à disposição nos postos de saúde, antes que a vacina do Butantan esteja pronta. "Mordida, arranhão, lambida de animal que a pessoa não conheça, merece uma ida ao médico. Em São Paulo, tem o Instituto Pasteur, especializado em raiva. Nas outras cidades, procure qualquer posto de saúde, que sempre vai ter um profissional para orientar sobre o que fazer", alertou.

A raiva é uma doença transmitida por vírus, presente na saliva de animais de sangue quente, também contaminados. Depois de 30 a 60 dias, o vírus chega ao sistema nervoso central da pessoa, provoca paralisia, convulsões e alucinações. A doença não tem cura e leva a pessoa à morte. Neuza Frazatti disse ainda que, mesmo quando alguém é mordido por um animal doméstico, vacinado, é preciso procurar um posto para receber orientação quanto à vacina. "O animal será colocado apenas em observação. E a pessoa terá a tranqüilidade de uma opinião profissional", reforçou.