Eliane Gonçalves e Paulo Machado
Enviados especiais*

João Pessoa (PB) - O Exército aproveita as obras da BR-101 Nordeste para treinar soldados e prepará-los para o mercado de trabalho, segundo o capitão Roberto Lunes, responsável pelo Segundo Batalhão de Engenharia e Construção de Teresina, no Piauí, e chefe da obra de duplicação no trecho da Paraíba. Todo planejamento e execução de três dos oito lotes programados no projeto estão sob a responsabilidade do Exército.

Com as obras, o Exército acaba por formar mão-de-obra especializada. "Todo ano recebemos jovens com 18 anos, recrutas que são convocados. Esses homens recebem uma formação técnica dentro das nossas unidades de construção e, em função da vocação e da especialização, ele tem a possibilidade de permanecer nos nossos quadros por sete anos. Após esse tempo, o Exército devolve os profissionais ao mercado de trabalho em condições de ter mais oportunidades", diz o capitão formado em Engenharia Militar pela Academia Nacional das Agulhas Negras.

O recruta Ruan Pablo Macedo, de 18 anos, entrou para o Exército em outubro de 2005 e trabalha como auxiliar de topografia nas obras de duplicação. Para ele, o trabalho é uma oportunidade. "Porque estou aprendendo a função aqui na área. Meu plano é continuar no Exército, seguir carreira e me especializar em topografia", avalia.

Manoel Paulino, outro soldado, tem 23 anos, trabalha como motorista nas obras. "Durante o tempo que a gente passa aqui, adquire muita experiência e aí fica mais fácil lá fora as empresas civis contratarem nossos serviços. Hoje em dia eles requisitam muito isso: experiência", afirma. Foi o que aconteceu com José Moraes. Em outubro do ano passado ele deixou o exército e foi contratado por uma empresa privada para pilotar uma das máquinas mais complexas usadas na construção de estradas: a motoniveladora.

Atualmente, Moraes recebe pelo menos R$ 1.400 reais por mês. "Se não fosse minha experiência no Exército, onde fui aprendendo em máquinas menores até chegar na motoniveladora, minha vida estaria ruim", finaliza.

*A equipe da Radiobrás viajou a convite do Ministério do Planejamento