Marcela Rebelo
Enviada Especial
Viña del Mar (Chile) – Pela primeira vez na democracia chilena, a maioria dos parlamentares do Congresso do país será da base governista. Com as mudanças promovidas pelo presidente Ricardo Lagos, a presidente eleita, Michelle Bachelet, governará o Chile com um Congresso que não conta mais com os senadores designados e vitalícios.
No entanto, para alguns parlamentares, isso não significa que Bachelet terá facilidade para aprovar os seus projetos. "É relativo porque é uma maioria muito pequena e sobre muitas matérias a Concertación tem posições distintas. Nao é uma maioria que pode se impor com facilidade", reconheceu o senador José Antônio Vieira-Gallo, em entrevista à Agência Brasil.
O parlamentar é do Partido Socialista, o mesmo de Michelle Bachelet. Concertación é uma coalizão de centro-esquerda que está no poder desde a redemocratização no Chile, em 1990. A frente é formada por vários partidos, entre eles o Partido Socialista, o Partido Radical Social Demócrata, o Partido por La Democracia e Partido Demócrata Cristiano.
"Ter a maioria não significa que a força de governo vai fazer o que quer no Congresso. Sempre haverá um diálogo com a oposição", destacou Vieira-Gallo. O líder do partido Renovación Nacional no Senado, Antônio Horvath Kiss, tem opinião semelhante.
"Isso nos obrigará a fazer negociações políticas de forma contínua para um governo de apenas 4 anos que têm muitas promessas que cumprir", disse. Ele integra a coalizão de centro-direita Alianza por Chile, que apoiou o opositor de Bachelet no segundo turno à presidencia do país, Sebastián Piñera.
Ele contou com 46,5% dos votos contra 53,4% obtidos por Bachelet. Assim como no Brasil, o poder Legislativo do Chile é bicameral, ou seja, formado pela Câmara e pelo Senado. São 120 deputados, sendo 66 governistas e 55 da oposição. Com as mudanças constitucionais, o número de senadores passou de 48 para 38, sendo que 20 são da Concertación.