País desconhece realidade de violência doméstica na área rural, diz líder camponesa

09/03/2006 - 14h48

Beatriz Pasqualino
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – No Brasil, uma mulher é espancada a cada 15 segundos, de acordo com dados da Fundação Perseu Abramo. Especificamente sobre as áreas rurais esse tipo de estatística é desconhecida, porque não há levantamentos em nível nacional sobre violência doméstica contra as mulheres nessas regiões, segundo a coordenadora do Movimento de Mulheres Camponesas Rosângela Cordeiro.

"As pesquisa sobre violência contra as mulheres no Brasil são muito gerais. Há muito poucos estudos direcionados ao campo. Essa é uma das questões que queremos avançar para poder combater essa prática", diz.

Uma das principais queixas do MMC quando o assunto é violência doméstica é a falta de delegacias da mulher nas áreas rurais. "Eu, por exemplo, sou de Roraima. No meu estado só tem uma, que é na capital, em Boa Vista. Do interior até lá são cerca de 700 Km", conta.

O MMC reivindica ainda melhor preparo do poder público para lidar com as vítimas desse tipo de violência. Segundo a coordenadora do movimento, as delegacias da mulher muitas vezes não estão preparadas com médicos e psicólogos para fazer o atendimento.

Segundo Rosângela, apesar de existirem políticas públicas para a questão da violência doméstica no Brasil, são necessárias ações específicas voltadas para as mulheres do campo. "O público é diferente. Esse é um tema muito polêmico principalmente no meio rural, onde a família é muito conservadora e o patriarcado muito forte. Como você vai discutir violência com quem te bate e te machuca?", questiona.