MST defende ação que destruiu laboratório da Aracruz Celulose

09/03/2006 - 17h44

Aécio Amado
Enviado especial

Porto Alegre - O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a organização camponesa Via Campesina são solidários à ação do Movimento das Mulheres Camponesas nas instalações da Aracruz, segundo um dos coordenadores nacionais do MST, João Pedro Stédile.

"O MST, os movimentos sociais da Via Campesina Brasil, a Marcha Mundial das Mulheres Camponesas e todos os movimentos aqui do fórum Terra, Território e Dignidade apoiaram a manifestação que as companheiras fizeram lá na Aracruz", disse Stédile.

O fórum, evento paralelo à 2ª Conferência Mundial sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, promovida pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), foi articulado pelo Comitê Internacional de Planejamento de Organizações Sociais para a Soberania Alimentar (CIP), com a participação de 40 entidades campesinas internacionais.

Stédile defendeu a invasão da empresa e destruição da pesquisa afirmando que foi "um ato de protesto para chamar a atenção dos absurdos que a empresa Aracruz, uma multinacional, está fazendo com os recursos naturais do Brasil".

O gerente regional florestal da Aracruz Celulose, Renato Postirolla, afirmou que os prejuízos causados pela destruição do laboratório da empresa chegam a US$ 400 mil. Além disso, segundo o gerente, foram perdidos materiais genéticos coletados em mais de 15 anos de pesquisa, cujas perdas não podem ser dimensionadas.

Ontem, Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) divulgou nota condenando a invasão de instalações da empresa Aracruz Celulose. "Ao condenar a atitude do movimento, [o ministro Miguel] Rossetto salientou que ações dessa natureza nada têm a ver com o programa de reforma agrária, e, portanto, este é um assunto que deve ser tratado pelo Poder Judiciário", diz a nota.