Movimentos dizem apoiar FAO se houver debate internacional sobre comércio agrícola e alimentação

09/03/2006 - 19h34

Spensy Pimentel
Enviado especial

Porto Alegre – Os movimentos sociais de todo o mundo estão dispostos a ser "cúmplices" da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) na retomada da discussão mundial sobre a reforma agrária. A afirmação foi feita hoje (9), por representantes da organização do Fórum Terra, Território e Dignidade, evento paralelo à 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, promovida pela FAO, em parceria com o governo brasileiro.

"Nós, movimentos, nos comprometemos a nos fazer cúmplices nessa relação com a FAO", disse hoje o basco Paul Nicholson, da Via Campesina Internacional. "Nosso objetivo é que a reforma agrária seja questão imprescindível em qualquer negociação internacional."

A condição para esse apoio, disseram os ativistas, é que a FAO "cumpra com seu mandato" e se esforce para trazer para si o debate internacional sobre o comércio agrícola e a alimentação. "Não é a Organização Mundial do Comércio que deveria negociar nossos direitos humanos básicos", diz Nicholson, em referência aos produtos alimentícios. "Exigimos que os governos e a FAO assumam essa responsabilidade."

Os movimentos sociais defendem a alimentação como parte dos direitos humanos básicos, dentro do conceito ampliado de soberania alimentar – que inclui o direito de produzir (e ter condições políticas e econômicas para isso) seu próprio alimento. "A conferência não é um ponto que se acaba, senão que temos que conseguir que abra um processo".

Ao longo da conferência, os representantes da FAO têm sinalizado no sentido da importância de ampliar o diálogo com a sociedade civil. Os militantes, porém, cobraram as condições práticas para isso. Segundo eles, a FAO, atualmente, só tem um único funcionário encarregado de fazer essa interface com a sociedade civil.