Adriana Franzin
Da Agência Brasil
Brasília - A "suposta proteção" que se dá à mulher, considerada "frágil e incapaz", é um dos fatores que atrasam o avanço da igualdade de gênero, na opinião da coordenadora do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim/RJ), Maria Lúcia Karam.
Ao participar ontem (8) do programa Diálogo Brasil, a juíza aposentada afirmou no estúdio da TVE Brasil no Rio de Janeiro, que geralmente as mulheres não procuram se libertar das situações de opressão.
No estúdio da TV Cultura, em São Paulo a vereadora Sônia Francine (PT-SP) afirmou que a idéia de que o homem pode punir a mulher com violência permeia a crença da polícia e a própria mulher não sabe como sair dessa situação.
"A mulher foi educada para achar que é ruim viver sem um homem, mas é pior sem ele". Para ela, se as mulheres chegarem efetivamente ao poder podem usá-lo da mesma forma discriminatória. "A gente pode exercer os poderes de interferir nos processos do dia-a-dia se nos dispusermos a isso", ressaltou.
A secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (Otca), Rosalía Arteaga, disse no estúdio da TV Nacional, em Brasília, que as fórmulas sacramentais de proteção à mulher, defendidas inclusive pela Igreja, podem piorar a relação de violência.
"A mulher não tem que assumir poses masculinas para assumir o poder", salientou. Segundo ela, não deve haver uma competição entre homens e mulheres, mas "um mundo mais equalitário que una qualidades masculinas e femininas".
Também no estúdio da TV Nacional, a coordenadora-geral do Comitê de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, Neide Castanha, afirmou que "o grande dilema é gerar capacidade de estender cidadania a todos". Segundo ela, todas as mulheres, independentemente de classe social, enfrentam dificuldades nos processos de criminalização da violência no Judiciário.
"Quanto ao acesso à Justiça, temos um grande caminho a percorrer", ressaltou. A coordenadora concordou com o argumento de que não há uma luta entre gêneros e destacou que "a única perspectiva civilizatória é a luta pela igualdade".
Os debates do Diálogo Brasil são mediados pelo jornalista Florestan Fernandes Júnior. O programa é transmitido ao vivo para todo país, sempre às quartas-feiras, das 22h30 às 23h30.