Governo é maior responsável por violência no campo, aponta pesquisa de opinião encomendada por CNA

09/03/2006 - 16h06

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Quase um em cada três entrevistados vê o governo federal como principal responsável pelo conflitos no campo. Tecnicamente empatados em segundo lugar, vêm o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com 16%, e os fazendeiros, com 15%. A opinião é das pessoas entrevistadas em uma pesquisa divulgada hoje (9) pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

A pesquisa foi realizada pela empresa Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), ouvindo 2.002 eleitores em 142 municípios de todos os estados brasileiros, entre os dias 16 e 20 de fevereiro.

"Conseguir terra para os trabalhadores" é o principal objetivo do MST, para 59% dos entrevistados. E a polícia deve ser usada para "retirar integrantes do MST" de propriedades rurais, segundo 53% das pessoas ouvidas. Para 41%, a polícia não deveria agir.

O vice-presidente da CNA, Rodolfo Tavares, considera que os números mostram que a população não concorda com as ações do MST. "O produtor rural só para ter acesso à terra tem que se submeter ao cartório do MST, submetendo-se à prática do crime de invasão de terras", criticou.

Tavares também considera que "o MST não diz a sociedade quem realmente é". "O movimento não tem personalidade jurídica, com contas transparentes para que a sociedade perceba de onde vem seus recursos," afirmou.

O vice-presidente da CNA acha que a pesquisa mostra que governo é incompetentes para realizar ações concretas em relação a reforma agrária. "Os indicadores dos programas de reforma agrária dos últimos 40 anos mostram a incompetência do Ministério de Desenvolvimento Agrário", afirmou.

O vice-presidente acredita, no entanto, que o público deveria receber esclarecimentos para mudar algumas opiniões. Cita o caso de que 40% dos entrevistados acreditam que os assentados sobrevivem de sua própria produção agrícola. Tavares considera que isso não é a realidade. "Vamos continuar trabalhando para corrigir certas percepções, como por exemplo o fato de que a reforma agrária é auto-sustentável e essa realidade reapresenta um ônus quase insuportável para o nosso país," explicou.