Diretor do Incra defende que modelo de exploração da terra seja repensado

09/03/2006 - 19h44

Ana Lúcia Caldas
Enviada Especial

Porto Alegre - O atual modelo de exploração da terra resultou em degradação ambiental, pobreza, fome e escravidão, afirmou hoje (9) Roberto Kiel, diretor do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), durante debate sobre os caminhos para tornar o desenvolvimento rural e a reforma agrária um processo sustentável, na 2ª Conferência Internacional de Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural. "Esse modelo está esgotado e precisa ser repensado", acrescentou.

Na opinião de Kiel, não existe uma fórmula finalizada de desenvolvimento rural que pode ser pensada para o Brasil e aplicada em todo o país: "Existem muitas diferenças e elas têm que ser contempladas em qualquer proposta séria".

Já para Pedro Ivan Christoffoli, da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab), existe confusão na sociedade brasileira acerca dos modelos de agricultura. Ele afirmou que a mídia é conivente com o agronegócio, não retratando seus efeitos negativos para o meio ambiente, por exemplo.

Christoffoli destacou que o novo modelo sustentável ainda está em construção, mas que já existem iniciativas em curso em assentamentos. "Esse é o nosso desafio, de pensar uma agricultura sustentável, que não envenene os rios, os alimentos, o ar. Isso é possível e já está sendo feito em assentamentos da reforma agrária, inclusive", disse.