Deputada diz que população ainda não compreende luta contra a pirataria

09/03/2006 - 17h17

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus - A luta contra a pirataria é recente e ainda é pouco entendida pelas camadas populares. A afirmação foi feita hoje (9) pela coordenadora da Frente Parlamentar de Combate à Pirataria e Sonegação Fiscal, deputada Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM).

"As pessoas mais pobres vêem o produto falsificado como uma maneira de ter acesso a mercadorias que, se fossem originais, não conseguiriam comprar", disse Vanessa, que está em Manaus coordenando o 1º Seminário de Combate à Pirataria.

"Só existe pirataria porque existe quem compra, mas o barato sai caro", disse a superintendente da Zona Franca de Manaus, Flávia Grosso. "Quem traz para o país os produtos pirateados, também vende drogas e armas", afirmou Vanessa. Além da ligação com o narcotráfico, Vanessa e Flávia apontaram, entre os males da pirataria, o fato de não se gerarem empregos formais (1,5 milhão de postos de trabalho por ano) e a sonegação fiscal (R$ 150 bilhões por ano).

De acordo com a deputada, os empregos informais que o comércio de produtos piratas gera não podem ser considerados um aspecto positivo desse comércio ilegal. "Apenas um terço dos vendedores ambulantes vendem produtos falsificados e contrabandeados. Eles estão sujeitos a perseguição policial, a perder tudo", argumentou.

"A gente não quer acabar com esse trabalho informal. Por que o camelô tem que vender produto pirata? No Paraná, o Atlético Paranaense fez um acordo com o governo estadual e com a prefeitura de Curitiba e passou a fornecer a camisa original do time aos vendedores ambulantes legalizados", acrescentou Vanessa.

Já o vice-prefeito de Manaus, Mário Frota, ponderou que o governo e os empresários têm sua parcela de culpa pelo consumo de produtos piratas. "Quando surgiu o DVD, dizia-se que ele custaria entre R$ 5 e R$ 10 reais. Mas a gente não compra um por menos de R$ 25".

Nove em cada dez Cds e DVDs prensados no Brasil são produzidos no Pólo Industrial de Manaus - mas seis em cada dez desses produtos vendidos no país são falsificados. De acordo com o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Maurício Loureiro, o custo de produção industrial de um CD é baixo – o que o encarece são os direitos autorais dos artistas e da gravadora e os impostos (que respondem por 37,5% do valor final do produto).