Spensy Pimentel
Enviado especial
Porto Alegre - O secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, afirmou em entrevista hoje (7) que o balanço apresentado por movimentos sociais rurais a respeito das ações do governo federal para a reforma agrária "tem um amadurecimento muito grande: rompe com uma posição estanque, que era a tradição até agora".
Para Cassel, o balanço ajuda no avanço do debate: "É assim que a gente inicia um diálogo, saindo de posições cristalizadas, só reivindicativas, só de crítica e buscando um balanço real, de coisas que avançaram e coisas que não avançaram".
Ele destacou pontos em que a avaliação do governo diverge da que é feita pelos movimentos. E refutou as críticas ao fato de as estatísticas do governo sobre a reforma em 2005 incluírem uma maioria de agricultores que tiveram a titularidade de suas propriedades regularizada, na região amazônica: "O que nós estamos fazendo na Amazônia talvez seja uma das intervenções fundiárias mais profundas que já se fez neste país", disse.
Na opinião do secretário, a prevalência do processo de desapropriação, defendida pelos movimentos, expressa uma falta de visão em relação à região: "O pessoal não consegue enxergar a Amazônia. Lá, os movimentos são contra a desapropriação, porque há grandes extensões de terra pública, não é preciso comprar". Ele citou o exemplo do Pará, onde o governo "realiza uma ação que está efetivamente mexendo na estrutura agrária do país".
Cassel também rebateu a afirmação dos movimentos sociais de que a visão do agronegócio prevalece nas negociações conduzidas pelo governo brasileiro na Organização Mundial do Comércio. "É exatamente o contrário que está ocorrendo", disse, em referência a temas defendidos pelo Brasil nos foros internacionais, como a soberania alimentar, o direito dos países de defenderem seu mercado e a ocupação de seus agricultores.
Até sexta-feira (10), Cassel participa da 2ª Conferência Internacional sobre a Reforma Agrária e o Desenvolvimento Rural, promovida na capital gaúcha pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), em parceria com o governo brasileiro.