Polícia detém suspeitos de planejar assassinato de agricultor no sul do Amazonas

07/03/2006 - 12h38

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus – O delegado regional de Lábrea (AM), o capitão da Polícia Militar Claudemir Barbosa dos Santos, informou hoje (6) à Radiobrás que dois suspeitos de terem colaborado no planejamento do assassinato do agricultor e sindicalista Gedeão Rodrigues da Silva (ocorrido no dia 27) já estão detidos.

"A gente acredita que eles ajudaram na fuga do Zé do Boné, o principal suspeito de ter executado o crime", revelou. "Temos elementos para concluir o inquérito em poucos dias e pedir a prisão preventiva do acusado."

O delegado deu a entrevista por meio de um telefone público, um dos únicos da localidade – lá não pega sinal de telefone móvel. O sul de Lábrea, onde há um acampamento com cerca de 60 famílias sem-terra, é uma região tão isolada que para levar os dois suspeitos à delegacia será preciso ir de carro a Rio Branco (AC) e pegar um avião até a sede do município.

De acordo com Santos, a viagem de carro leva cerca de duas horas, mesmo tempo aproximado do vôo, que será feito em um avião Bandeirantes cedido pelo governo do Amazonas.

A polícia já sabe o nome completo de Zé do Boné: José Francisco de Almeida. Os suspeitos detidos são José da Silva Cruz e Regilson de Souza (conhecido como Louro). "Estamos procurando também o Paulinho [Paulo José Soares] que estava com o Zé do Boné na hora do crime. As pessoas viram ele disparando alguns tiros pela rua".

Santos disse que o motivo do crime ainda está sendo apurado, mas a principal hipótese é a mesma de o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Sul de Lábrea: morte encomendada pelos fazendeiros que se dizem donos das terras ocupadas pelos agricultores.

"A pessoa que tirou a vida do Gedeão não deixa de ser uma vítima dessa situação, incluída nessa estrutura de violência que já existia aqui no sul de Lábrea. Ela certamente foi induzida a fazer isso. Pela investigação, pretendemos chegar ao topo desse esquema", ponderou.

O delegado declarou que a melhor forma de se proteger os outros seis agricultores da localidade que estão ameaçados de morte é encontrar e punir os culpados pelo assassinato de Silva.

"Nossa principal contribuição na proteção deles será ter uma postura dura e rigorosa enquanto estamos aqui, investigando o crime", opinou. "Precisamos mostrar que uma vida vale mais que qualquer hectare de terra."