Spensy Pimentel
Enviado especial
Porto Alegre - Movimentos sociais e governo divergem na avaliação do programa de reforma agrária, mas concordam em um ponto: há urgência em atualizar os índices de produtividade usados para determinar se uma área está ou não apta a ser desapropriada. A falta de atualização, avaliam, emperra o processo de reforma nas regiões Sul e Sudeste, principalmente.
Segundo o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, a proposta de atualização dos índices foi enviada à Presidência da República em abril de 2005. "Existe uma posição contrária do Ministério da Agricultura", explica ele. "Os movimentos estão fazendo uma reivindicação absolutamente justa e necessária. É uma obrigação do governo, me parece, e eu espero que seja resolvida no próximo período".
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, disse hoje (7) a agricultores que participam da 2ª Conferência Internacional sobre a Reforma Agrária e o Desenvolvimento Rural que está aguardando decisão do Palácio do Planalto sobre a questão: "Existem conflitos dentro do governo e cabe ao presidente Lula arbitrar".
Dom Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), fez cobrança pessoal ao presidente: "Está lá, está na mesa do presidente". Para ele, o problema é a pressão de setores como a bancada ruralista: "O mundo vem abaixo se mexer naquilo."
Cassel, Rossetto e Dom Tomás Balduíno participam até sexta-feira (10) da 2ª Conferência Internacional sobre a Reforma Agrária e o Desenvolvimento Rural, promovida pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), em parceria com o governo brasileiro.