Rio, 7/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - O roubo de dez fuzis e uma pistola de um quartel do Exército na zona Norte da cidade, na última sexta-feira (3), mostra que as Forças Armadas precisam começar a tomar medidas para coibir esse tipo de ação. A afirmação foi feita pela antropóloga Alba Zaluar, coordenadora do Núcleo de Pesquisa das Violências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Em entrevista ao programa Redação Nacional, da Rádio Nacional AM, ela acrescentou: "É necessário que as Forças Armadas brasileiras façam investigações competentes e profundas para saber por que, há décadas, estão sendo furtadas e roubadas armas do interior de suas unidades. Desde 1980 eu ouço falar do uso de granadas e armas exclusivas das Forças Armadas (por criminosos). E isso acontece no país todo".
Evitar o roubo de armas, segundo ela, é essencial para se diminuir o número de mortes de jovens nas grandes cidades do Brasil e principalmente no Rio de Janeiro, cidade que concentra arsenais das três forças.
Para Jaílson de Souza, coordenador da ONG Observatório de Favelas, "há anos se roubam armas no Exército e não há nenhuma preocupação preventiva nesse sentido, não há um trabalho específico de cuidado, não há nenhuma ação de inteligência e nenhum esforço significativo para desarmar os grupos armados. E nas favelas vemos cenas como os caveirões, tanques apontados e humilhação e desprezo pelos direitos fundamentais da população que não tem nada com isso".
Cerca de 1,5 mil militares do Exército ocupam nove favelas cariocas para tentar recuperar as armas roubadas. Até agora, ninguém foi preso e nenhuma arma foi recuperada.