Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus – O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) está desde junho de 2005 em busca de terras públicas para assentar os agricultores que estão acampados no sul de Lábrea, no Amazonas – região onde há uma semana foi morto o sindicalista Gedeão Rodrigues da Silva, supostamente a mando de grileiros.
"Os agricultores nos acusam de termos abandonado a área, mas esse processo é demorado", justificou hoje (6) à Radiobrás o superintendente regional em exercício do Incra, Miguel Ab-Abib. "Há procedimentos a serem seguidos. A Funai [Fundação Nacional do Índio] tem que se pronunciar, para assegurar que as terras não sejam de interesse indígena, a SPU [Secretaria de Patrimônio da União] também tem que se manifestar."
No dia 17 de junho de 2005, a Agência Brasil publicou uma reportagem na qual informou que o Incra cadastrou 150 famílias, que desde abril viviam no único acampamento de sem-terra do estado. A área ocupada por eles ficava na beira do Rio Macorené, em uma ramal conhecido como Mendes Jr., na altura do quilômetro 150 da BR-364 (que liga Porto Velho a Rio Branco).
Na ocasião, o superintendente regional do órgão, João Pedro Gonçalves, declarou que não pretendia avaliar a validade dos títulos de terra apresentados por Marcos Simões ou Athanásio Scheneider, que se diziam proprietários do terreno. A intenção do Incra era, então, encontrar terras públicas em um local próximo para assentar os acampados.
"A demora do Incra, a malária, as ameaças dos grileiros e a falta de escolas para as crianças fez muitas famílias irem morar em Nova Califórnia", contou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Sul de Lábrea, Valdivino Pereira da Cruz.
"Hoje só 50 ou 60 famílias continuam no acampamento, mas as outras estão dispostas a voltar." Nova Califórnia é um distrito de Porto Velho (Rondônia), área urbana mais próxima do sul de Lábrea; para ir do acampamento à sede do município, a cerca de 800 quilômetros de distância, é preciso pegar um avião em Porto Velho.