Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus – O coordenador da Delegacia de Polícia Técnica e Científica (DPCT) do Amazonas, Antônio Chicre, declarou hoje (6) à Radiobrás que o ramal Mendes Jr, em Lábrea, é o "mais problemático" do sul do município, uma região de bastante conflito. O delegado esteve na área em 2004, quando participou da Operação Tauató, de combate à grilagem ao desmatamento no sul do estado, coordenada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
É no ramal Mendes Jr, na altura do quilômetro 150 da BR-364 (que liga Porto Velho a Rio Branco), que fica o acampamento dos sem-terra onde há uma semana foi morto o sindicalista Gedeão Rodrigues da Silva, supostamente por grileiros. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Lábrea é o município mais desmatado do Amazonas.
"Quando houve a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] da Grilagem de Terras [em 2001], encontraram no sul de Lábrea registros de terras que teoricamente haviam sido da Bolívia. Mas a gente sabe que só o Acre anexou terras da Bolívia, não o Amazonas", afirmou Chicre. Quando o Acre, que pertencia à Bolívia, foi anexado ao Brasil, um acordo entre os dois países estabeleceu que seriam respeitadas as propriedades privadas bolivianas que tivessem título definitivo de terra.
"Lá é uma área muito complicada. A pessoa pega autorização para desmatar 20 mil hectares e destrói 200 mil. Ou pega licença para uma área e desmata outra. O Estado não está presente, a fiscalização é falha", revelou Chicre. "Os madeireiros abrem ramais na floresta, que atraem os agricultores. Eles se estabelecem na região e terminam de devastar a mata. A terra é plana – aí é só o grileiro jogar pasto que vira fazenda. Nessa hora, ele contrata jagunços para expulsar os posseiros, e os conflitos começam."