Enquanto energética de Roraima não regulariza situação, 2,8 mil famílias continuam sem luz

22/02/2006 - 12h22

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus – As 2,8 mil famílias do interior de Roraima que deveriam ter sido beneficiadas pelo programa federal Luz para Todos até o ano passado continuam sem prazo para sair do escuro. O governo do estado adiou mais uma vez a resolução da dívida que impe a Companhia Energética de Roraima (CER) de receber os R$ 23,89 milhões disponibilizados pelo Ministério de Minas e Energia desde 2004.

"Nesta semana devemos conseguir a certidão negativa de débito com o FGTS [ Fundo de Garantia por Tempo de Serviço]. Depois do carnaval, vamos apresentá-la ao Comitê Gestor do Programa", disse hoje (22) à Agência Brasil o secretário estadual de comunicação, Ruy Figueiredo. No último dia 17, ele declarou que a situação financeira da CER estaria regularizada até ontem (21).

O coordenador estadual do Luz para Todos e representante do ministério, José Pinheiro Cordeiro, informou que o governo federal ainda não repassou as obras a outra empresa porque o governo de Roraima é parceiro do programa. A ele e à concessionária cabe a contrapartida de 20% dos investimentos totais na construção de pequenas usinas geradoras ou na extensão de redes de distribuição de energia elétrica.

Do total de quatro mil famílias do interior do estado que deveriam ter sido beneficiadas em 2004 e no ano passado, 1,2 mil seriam atendidas com verba do governo estadual (R$ 5,97 milhões) e 2,8mil com recursos do governo federal (R$ 23,89 milhões). "Até agora, o governo estadual atendeu cerca de 500 famílias com recursos próprios", disse Cordeiro. "A gente poderia tomar uma medida mais drática, com apoio da Aneel [ Agência Nacional de Energia Elétrica ], e passar o recurso a quem pudesse recebê-lo. Mas não queremos briga, nosso objetivo é trabalhar em parceria", acrescentou.

No entanto, Cordeiro reconhece que o atraso cria dificuldades para o cumprimento da meta de levar energia elétrica a 10,4 mil famílias de Roraima até 2008. Dessas, segundo ele, apenas 1,3 mil vive na capital, sendo que metade já foi atendida pela Boa Vista Energia. "Neste ano, com o serviço acumulado, teremos que atingir 6,3 mil famílias no interior. Isso significa, a partir de março, 23 famílias por dia", observou. "É um número muito alto para a realidade amazônica. Na capital em que as comunidades são bem mais acessíveis, houve casas em que o atendimento demorou três dias", disse.