Michèlle Canes
Da Agência Brasil
Brasília – Empresas de planos de saúde e representantes do setor entregaram ao Ministério da Saúde um documento que pede a redução de abrangência da cobertura de serviços. No documento, as prestadoras desse serviço poderiam assim vender aos seus clientes planos menores e mais baratos que não incluiriam exames e procedimentos mais caros, como cirurgias e internações, por exemplo. O ministério, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que a proposta está sendo analisada tecnicamente e que já foi entregue à Agência Nacional de Saúde (ANS).
Uma das principais representantes do segmento de autogestão no Brasil, a associação União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), foi uma das entidades a assinar o documento entregue no fim do mês passado ao ministro da Saúde, Saraiva Felipe. Porém, de acordo com a presidente da Unidas, Marília Barbosa, a proposta da redução de abrangência não traz benefícios para o segmento da autogestão, da qual faz parte.
"A autogestão é formada por empresas que administram planos de saúde para os seus empregados ou por associações que administram planos de saúde para os seus associados. É um segmento que não visa lucro", afirmou ela. A empresa, entretanto, assinou a proposta com "o objetivo de auxiliar os outros segmentos" e também por defender um dos nove pontos apresentados no documento. "Um dos itens é criar regras claras para incorporação de novas tecnologias. Vários outros itens não trazem vantagens para a autogestão, mas não ferem o que a gente vem defendendo no mercado".
A presidente da Unidas, Marília Barbosa, afirma que a União tem representantes estaduais, e que a representante mineira foi quem assinou a proposta. "Assinou porque assumiu um compromisso, mesmo que nele (o documento) esteja alguma coisa que não traga vantagens para si, mas traz para outros segmentos. A gente está pedindo que o Ministério da Saúde atente a esses pontos para aprimorar o mercado para todos os seguimentos do mercado", comentou.
Embora concorde com parte do documento, Marília Barbosa ressaltou que ainda não apóia a redução dos serviços de saúde. "A Unidas defende uma cobertura ampla e que dê a possibilidade de tratar o paciente desde a consulta até uma internação caso ele precise", disse. "Hoje um paciente compra esse serviço por ser mais barato e compra um plano sem pensar no futuro. E, se precisar de uma internação, terá dificuldade e vai ter que voltar para o sistema público."