União federal e estadual utilizada no caso Dorothy deve ser repetida, defende procurador

13/02/2006 - 11h49

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O trabalho conjunto realizado entre a justiça estadual e federal e entre a polícia local e federal deve continuar a ser adotado para resolver outros crimes no Pará, defendeu o procurador do Ministério Público do Pará, Sávio Brabo. O procurador, que chefia o grupo especial de prevenção e repressão às organizações criminosas no Pará, disse que a união de forças foi o grande diferencial para a elucidação do assassinato da freira Dorothy Stang, ocorrido há um ano.

Em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, Brabo disse que será feita essa tentativa de trabalho conjunto. "Vamos tentar manter essa mesma linha de união de forças, a polícia federal colaborando com a justiça estadual e vice-versa. Porque o que interessa para a sociedade é o esclarecimento desses casos".

De acordo com o procurador, os conflitos por terra na Amazônia remontam desde a década de 70. O próprio governo federal teria, segundo ele, impulsionado a ocupação. "Várias pessoas de vários recantos do Brasil foram e ocuparam aquela região. Era a época do milagre brasileiro, da ocupação. E, evidentemente, quando as pessoas chegaram já existiam outras pessoas ali, vivendo naquela região, pessoas que nasceram ali", conta.

"Hoje essa criminalidade de grilagem de terras ainda tem o fomento da plantação de soja, a gente sabe que a soja está avançando na Amazônia, então além dos motivos tradicionais de madeira e ouro", complementa o procurador.

De acordo com ele, as investigações sobre o assassinato da irmã Dorothy continuam. Em dezembro do ano passado, os dois assassinos da freira, Rayfran das neves e Clodoaldo Batista, foram julgados e condenados. Outros três acusados de participarem dos crimes ainda estão presos. O julgamento do intermediário da execução, Amair Feijoli da Cunha, deve acontecer em abril. Já o julgamento dos mandantes do crime, os fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Galvão,deve acontecer ainda este semestre. Os dois continuam presos a espera do julgamento.

Em relação a uma lista de pessoas marcadas para morrer no Pará, feita Comissão Pastoral da Terra, o procurador afirma que todas essas pessoas vão ser procuradas pelo serviço de proteção à testemunha da justiça.