Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília – "Não mudou muita coisa. A área foi retomada por grileiros e o povo vive aterrorizado, ameaçado e em condições precárias". Esta é a situação atual, após um ano da morte da missionária norte-americana Dorothy Stang na região de Anapu, sul do Pará, de acordo com Alcidema Coelho, coordenadora do Comitê Dorothy Stang. "A violência continua acirrada e é um verdadeiro barril de pólvora", disse, em entrevista à Agência Brasil.
Alcidema contou que, apesar do caso ter tido repercussão no país e no exterior não diminuíram os conflitos entre trabalhadores, fazendeiros e grileiros – pessoas que fazem registro ilegal de terra. "As áreas de Anapu, onde Dorothy atuava, inclusive a área onde foi assassinada, foi retomada por grileiros. Após a morte de Dorothy, outras lideranças também foram assassinadas." Para Alcidema, a situação continua piorando.
Segundo a coordenadora, os trabalhadores são ameaçados de serem expulsos da terra por pistoleiros contratados por grileiros. "Eles ameaçam para que os trabalhadores saiam da área que está sob litígio da Justiça, que é extremamente afastada dos centros urbanos." Por causa da distância, os trabalhadores vivem "com medo de perder suas terras, os barracos e de morrer. Como a principal liderança [Dorothy] foi assassinada, se sentem desprotegidos", explica Alcidema.
Em relação à reforma agrária, ela disse que a situação também não avançou. "Reforma agrária aqui ainda é um sonho. Não tem reforma agrária". Segundo ela, a paralisação é a causa das mortes. "É por isso que o número de pessoas ameaçadas de morte e marcadas para morrer só aumenta. Não existe outra resposta para a impunidade, a injustiça e para a violência no campo além da ausência da reforma agrária."