Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Ainda não é possível saber o impacto que o novo sistema de cobrança telefônica terá na inflação, diz o secretário de acompanhamento econômico do Ministério da Fazenda, Hélcio Tokeshi. A telefonia é um dos itens da cesta usada pelos institutos de pesquisa para calcular o índice. "O que sabemos é que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) fez uma metodologia que procurou ser neutra do ponto de vista dos consumidores", afirma.
Segundo Tokeshi, a conversão da tarifa telefônica de pulso para minuto vai tornar o sistema de telefonia mais transparente e pode aumentar a concorrência o que, no longo prazo, ajuda a segurar os preços do serviço.
O presidente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Ibed), Geraldo Tardin, a diz que mudança não vai ser vantajosa para o consumidor. Ele explica que o consumidor, por não ter a conta telefônica detalhada, não sabe qual o perfil em que se enquadra e, portanto, pode acabar aderindo a planos oferecidos pelas operadoras que oferecem mais do que eles precisam. De acordo com ele, as pessoas que usam internet discada terão um aumento na conta. "A princípio o consumidor deve sair da internet discada e não aderir de imediato, na telefonia falada, a qualquer plano de fidelidade", recomenda.
Hélcio Tokeshi e técnicos da Anatel se reuniram hoje (13) com representantes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para explicar aos institutos a metodologia usada na conversão e assim permitir façam as mudanças necessárias nos cálculos dos índices que levam em conta os serviços de telefonia.
A mudança de pulso para minuto faz parte do conjunto de novas regras de telefonia para os próximos 20 anos assinados pelas operadoras em dezembro do ano passado. Atualmente a franquia de um telefone fixo dá direito a 100 pulsos para os assinantes residenciais e passará a ser de 200 minutos. Nas ligações em horário reduzido (de 0 hora às 6 horas, aos sábados, a partir das 14 horas, e aos domingos e feriados) é contado um único pulso. Com a mudança, será cobrado o equivalente a dois minutos de conversação. A mudança deve ocorrer entre março e julho deste ano.
Em entrevista à Agência Brasil em janeiro, a advogada do Idec, Daniela Trettel, disse que a mudança seria positiva para o consumidor, se não viesse acompanhada de aumento da tarifa. "Na prática, algo que seria bom para o consumidor acaba por prejudicá-lo, por que as ligações locais vão ficar mais caras", afirma.