Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Um estudo realizado pela assessoria técnica da liderança do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados concluiu que o reajuste do salário mínimo dos atuais R$ 300 para R$ 350 é o maior desde 1985. O documento tem como base uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgada no dia 24 de janeiro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o novo valor do mínimo.
Segundo o texto, o mínimo em R$ 350 equivale a R$ 151,71 em termos do valor de compra da moeda nacional que vigorava em maio de 1995, considerando como R$ 100 (valor do salário mínimo àquela época) a unidade de comparação referente a maio de 1995. "Esse valor do salário mínimo real implica em um ganho real de cerca de 52% quando comparado com o valor do salário mínimo vigente em maio de 1995, primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso. É o maior valor do salário mínimo no período considerado", diz o texto.
O documento - intitulado Resposta ao Artigo, em referência ao artigo ‘Meses decisivos’, de autoria de Fernando Henrique Cardoso - rebate a afirmação feita pelo ex-presidente por meio de um artigo, de que em 1995 o aumento do mínimo havia sido de 42,9% em termos nominais e de 21,8% se considerada a inflação.
Segundo Maximiliano Garcez, um dos responsáveis pelo estudo, ao fazer essa afirmação, Fernando Henrique "não considerou que o aumento daquele ano apenas manteve o valor de compra do salário mínimo". Ele ressaltou que, em 1995, o salário mínimo chegou a um dos menores valores desde sua implementação, ocupando a sétima colocação em termos de valor mais baixo de toda história do mínimo.
Garcez lembrou que a política de implantação da Unidade Real de Valor (URV) – que serviu de base para o Plano Real - provocou uma redução acelerada do salário mínimo durante todo ano de 1994. A URV permitiu a indexação de itens que podiam ser reajustados mensalmente, mas não permitiu a indexação do salário mínimo, o que fez com que o seu valor fosse mantido por um ano.
O estudo não aborda o valor da cesta básica em 1995, mas traz a comparação com 1998, quando terminou o primeiro mandato do governo anterior. Segundo o documento, naquele ano o mínimo valia R$ 130 e a cesta básica em São Paulo custava R$ 106,30 - um salário mínimo, portanto, era possível comprar 1,22 cestas básicas. O estudo mostra que com R$ 350 será possível comprar 1,87 cestas básicas na capital paulista.
Ainda de acordo com o documento, o salário mínimo de R$ 350 garante a compra de mais de duas e meia cestas básicas em Fortaleza (CE), Recife (PE) e Salvador (BA). Na média das dez capitais em que o Dieese pesquisa o custo da cesta básica, o salário mínimo atual garante a compra de 1,9 cesta básica. "O reajuste do salário mínimo para R$ 350 permite que as famílias pobres praticamente dobrem seu poder de compra em termos da cesta básica de alimentos", diz o texto.