BNDES pode atuar no repasse de recursos do Pronaf às cooperativas de agricultores

13/02/2006 - 17h32

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode vir a atuar no repasse de recursos do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) às cooperativas no custeio da safra 2006/2007.

A proposta, que está sendo estudada pela direção do banco, foi apresentada hoje (13) ao presidente do BNDES, Guido Mantega, por um grupo de deputados que integram o Núcleo Agrário do Partido dos Trabalhadores (PT) e por representantes da Associação Nacional de Cooperativas de Economia Solidária (Ancosol), que vêem, na medida, um modo de ampliar o acesso ao crédito dos agricultores.

Em entrevista à Agência Brasil, o deputado gaúcho Marco Maia, um dos integrantes do núcleo, disse que a meta é fazer com que o BNDES opere com as cooperativas a liberação de recursos para o custeio produtivo. "Isso ajudaria a dinamizar, no interior e nos pequenos municípios, a obtenção de recursos pelos agricultores", avaliou, acrescentando que Mantega agendou para a próxima semana um segundo encontro, desta vez de caráter mais técnico, para debater o assunto com mais profundidade.

Segundo ele, hoje os recursos são repassados somente pelo Banco do Brasil e pelo sistema Cresol. Criado em 1996, o Cresol é uma instituição financeira no formato de uma central de cooperativas de crédito, fiscalizada pelo Banco Central. Tem como objetivo fortalecer e estimular a interação solidária entre agricultores familiares e suas organizações e atua em vários estados brasileiros.

O coordenador-adjunto e responsável pelo tema cooperativismo no Núcleo Agrário do PT, deputado Assis Miguel do Couto (PR), acredita que a discussão depende apenas de uma decisão política. O parlamentar avaliou que a possibilidade de o BNDES atuar no repasse de recursos do Pronaf para custeio é grande. "Nós ainda temos um Brasil que tem uma carência de serviço bancário muito grande e as cooperativas de crédito podem ser, e já estão sendo em muitos municípios do país, uma importante instituição financeira", observou, acrescentando que mais de 30% dos cerca de 5,5 mil municípios brasileiros não possuem serviço bancário. "As cooperativas de crédito respondem por grande parte dessa demanda", afirmou.

Ele defende que a medida reivindicada pelas cooperativas, pois a proposta representa simplificar os processos de repasse do Pronaf Custeio para essas entidades. Couto reconheceu, porém, que o BNDES não é um banco de varejo, mas analisou que se o banco de fomento trabalhar em parceria com as cooperativas da agricultura familiar e da agricultura solidária, estará cumprindo "sua função social, fazendo jus ao s de social que está na sigla do banco".

Técnicos das cooperativas e dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Fazenda deverão integrar o grupo de trabalho que vai discutir a proposta, na próxima semana, na sede do BNDES, no Rio de Janeiro.