Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Pará (Abih/Pará), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), quer estimular o estado a discutir a questão da exploração sexual de crianças e adolescentes por meio de uma campanha publicitária, segundo informou o presidente da Abih Nacional, Eraldo Alves da Cruz.
Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional AM, Eraldo da Cruz explicou que a discussão do tema ainda é encarada como tabu no Pará. "Culturalmente as pessoas ainda consideram que não seja crime você manter relações sexuais com uma menina adolescente de 13, 14, 15 anos. É muito importante incentivar as pessoas a conhecerem o problema, motivá-las a terem pleno conhecimento de que isso efetivamente é crime; de que não se pode abortar a adolescência de uma jovem, colocando-a prematuramente em uma vida sexual", explicou.
Todo hotel que participa da campanha distribui para os hóspedes um folheto com a frase "Exploração sexual, estamos de portas fechadas. Aqui respeitamos os direitos humanos". Segundo o presidente da Abih, além de combater a exploração sexual a ação também pretende coibir o turismo sexual e o tráfico de seres humanos. "Essa questão do tráfico de seres humanos é algo que assusta. Nós vemos hoje novelas tratando desse problema, mas esta prática alimenta redes internacionais de prostituição muitas vezes ligadas a roteiros de turismo sexual e quadrilhas transnacionais especializadas em retirada de órgãos para fins de transplantes", disse.
Estudos da Organização das Nações Unidas Contra as Drogas e Crimes revelam que o tráfico internacional de mulheres e crianças movimenta entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões por ano e que só perde em lucratividade para o tráfico de drogas e o contrabando de armas. Eraldo da Cruz explica que a rota desse tráfico passa pelo estado do Pará e pela Amazônia. "São jovens brasileiras que, seduzidas por uma vida melhor, vão para o Suriname, por incrível que pareça, vão para a Europa ou para os Estados Unidos e lá são abusadas sexualmente e utilizadas para fins comerciais."
A campanha, que também é apoiada pelas fundações Abrinq e Jupiara ( termo indígena que significa defender-se) custou apenas R$ 7 mil e em breve deverá ser estendida ao estado do Maranhão. A idéia, segundo o presidente da Abih, é levá-la a todo o território nacional. "Este é um problema que existe no Brasil todo, não é questão de uma região ou outra, por isso nós vamos levá-la com segurança a todos os estados. Embora não seja só no Brasil, já que nos países evoluídos também acontece isso e muito, nós temos que erradicar esse problema de uma vez, como se fosse uma peste, uma doença."