André Deak
Enviado especial
Caracas (Venezuela) - O historiador Éric Toussaint, presidente do Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo, disse que a proposta feita pelo presidente venezuelano Hugo Chávez nesta sexta-feira (27), de criação de uma frente internacional latino-americana que se contraponha ao imperialismo, "é utópica, mas não quer dizer que não valha a pena".
O historiador belga participou de uma discussão sobre alternativas à dominação financeira a que os países pobres estão submetidos. A idéia é que apenas em grupo seria possível que os governos se negassem a pagar suas dívidas externas. Ele lembrou que o valor total do que já foi pago é muitas vezes superior ao que foi emprestado.
Toussaint apresentou números segundo os quais em 1980 a dívida externa pública da América Latina era de US$ 131 bilhões e passou para US$ 450 bilhões em 2004 (cerca de 2,5 vezes mais), mesmo depois de os países terem pago US$ 1,064 trilhão, ou seja, nove vezes o valor da dívida original. "Os conservadores dizem que o financiamento internacional irá terminar se a dívida não for paga, mas na verdade é a América Latina que financia seus credores. Com o valor que é pago, podemos nos autofinanciar tranquilamente", diz Toussaint.