Canadense fala de esforço para envolver trabalhadores nas discussões sobre OMC

29/01/2006 - 10h16

Daniel Merli
Repórter da Agência Brasil

Caracas (Venezuela) - A sindicalista Deborah Bourque, do Congresso Canadense de Trabalhadores, contou o esforço de sua organização para envolver os sindicatos na discussão sobre a Organização Mundial de Comércio (OMC). Deborah foi uma das painelistas do seminário Resistência Global contra a Rodada Doha, que se realizou na sexta-feira (27). A Rodada de Doha é uma série de discussões da OMC sobre livre comércio, iniciada em 2001, que está marcada para terminar este ano.

Para Deborah, o trabalhador sofre impactos negativos da redução de barreiras ao comércio, já que a entrada massiva de produtos estrangeiros prejudica a indústria nacional. Ela também citou outro caso em que as regras da OMC para garantir segurança a investidores teriam prejudicado consumidores. "A estatal de correios do Canadá está sendo processada por uma concorrente privada por considerar que o governo faz concorrência desleal", disse.

O agricultor francês Gerard Duran, da organização internacional Via Campesina, falou do impacto da liberalização do comércio em seu país. Segundo ele, apenas uma minoria dos agricultores franceses exporta e a redução de barreiras à entrada de produtos estrangeiros acaba prejudicando, principalmente, os pequenos agricultores. Segundo Duran, o principal objetivo dos países do Sul do planeta deveria ser extinguir os subsídios à exportação e não defender a redução de barreiras.

É necessário mostrar esses impactos diretos do livre comércio na vida das pessoas para mobilizá-las contra a OMC, acredita a norte-americana Lori Wallach, da organização da sociedade civil Public Citizen. Para ela, só essa mobilização pode barrar a aprovação de novos acordos, que estão em discussão na Rodada Doha. "Quando estiverem assinando um acordo desses, os governantes precisam ter medo do que vai acontecer em seus países quando voltarem para casa", brincou.

"Temos que tentar desenvolver mecanismos, criar campanhas nacionais em países que se opõem aos acordos", defendeu também o filipino Walden Bello, do centro de estudos Focus on the Global South. "Temos que fazer campanhas, passeatas, lobby, tudo que for possível para ganharmos numa tática ofensiva".