Organização abre vaga para 50 mães sociais

08/01/2006 - 9h18

Aline Beckstein
Repórter da Agência Brasil

Rio – A organização não governamental Aldeias Infantis SOS está com inscrições abertas, até o dia 15 de janeiro, para o trabalho de Mãe Social. Ao todo são 50 vagas para 12 cidades brasileiras. Entre as atribuições, estar a de morar numa das casas dos condomínios que compõem as chamadas aldeias e cuidar de até dez crianças. Ou, como classifica Jorge Artur Dantas, diretor da Aldeia de Pedra Bonita, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, "ter vocação para ser mãe de muitos filhos, como eram as nossas bisavós, lavando, passando, cozinhando e dando muito amor a cada um deles".

Para assumir a função de mãe social, a mulher deve ter mais de 25 anos, ser solteira, divorciada ou separada, não ter filhos ou que eles sejam maiores de idade. "A vida de mãe social é cheia de alegrias, mas exige dedicação integral. É quase uma missão. Claro que ela pode ter uma vida normal com namorado e tudo, mas dentro de casa não sobra tempo para mais nada", argumentou.

O trabalho de mãe social é uma profissão prevista por lei, com direito a salário (o plano de carreira da Aldeia Global prevê valores dentre R$ 400 e 1 mil), décimo terceiro e férias. Já a regulamentação para o funcionamento dessas casas, assim como o de todas as instituições de acolhimento, deverá sair no meio do ano, segundo informou Ana Angélica Campelo, assessora técnica do Ministério do Desenvolvimento Social. "A idéia é que as casas para mãe social recebam no máximo dez crianças e o abrigo, 25", exemplificou.

Enquanto que para as mães sociais, na avaliação de Dantas, o trabalho só valeria a pena pela "vocação", para as crianças e adolescentes, órfãos ou afastados dos pais, ele seria uma forma de humanizar o acolhimento. "Em primeiro lugar, porque os irmãos nunca são separados, esse é o primeiro laço que é mantido. Segundo, porque eles passam a ter uma pessoa que acompanha o seu crescimento, sem as cruéis transferências de abrigo para abrigo, de acordo com a idade. É muito diferente viver numa casa pequena e ter seu próprio quarto", argumenta.

O perfil das mulheres também é muito variado. Há desde donas de casas até aquelas que abandonam seus trabalhos anteriores por se identificarem com a vida de mãe social. Ana Célia dos Santos, de 37 anos, por exemplo, chegou a pedir demissão de seu emprego de auxiliar de enfermagem para ser mãe social na aldeia de Pedra Bonita. Ela diz que a atividade lhe traz uma grande realização, apesar de todas as dificuldades.

"Algumas crianças, que passaram por muitas dificuldades, chegavam rebeldes, e eu já tinha pensado até em desistir de ser mãe social. Mas, com o tempo e carinho, elas iam mudando. Era de repente um beijo, uma flor. Essas atitudes que desarmam a gente".