Frei Betto diz que estrutura fundiária brasileira é injusta

24/12/2005 - 12h02

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O teólogo e ex-assessor da Presidência da República Frei Betto, disse hoje, em entrevista à Rádio Nacional, que considera injusta a estrutura fundiária brasileira porque nos últimos 30 anos muitas famílias foram expulsas da terra, seja pela alta dos juros, pela expansão do latifúndio ou pelo desmatamento criminoso. "Isso aumenta o cinturão de favelas em torno das médias e grandes cidades".

Segundo Frei Betto, a reforma agrária é fundamental para o futuro do país. "Creio que o Brasil não terá um futuro melhor sem passar por uma reforma agrária. E o plano de reforma agrária caminha a passos lentos. Mas eu creio que o governo está sensível a isso e espero que possamos ajudá-lo, porque o governo não é só esperar que ele faça. Nós temos de pressionar, cobrar, passar de uma democracia meramente delegativa, representativa, para uma democracia participativa".

Frei Betto disse ainda que é preciso haver mudança na política econômica para que as políticas sociais tenham alcance maior. "Creio que as políticas sociais do governo federal estão corretas, mas, para melhorar esse ritmo, é preciso haver uma mudança nessa política econômica que hoje está mais atenta aos credores do que às necessidades reais da nação", acrescentou.

O teólogo deixou uma mensagem de Natal a todos os brasileiros:"Eu queria desejar a todos um Natal em que a gente possa renascer nos valores de Jesus, sobretudo nos valores do Sermão da Montanha: com muita fome e sede de justiça, com muita misericórdia, lutando sempre para promover a paz".