Pesquisadores buscam melhorar qualidade de vida da população nas margens do Rio Solimões

14/12/2005 - 17h42

Nielmar de Oliveira
Enviado especial

Manaus - Desde o início deste ano os pesquisadores do grupo de Socieconomia do projeto Piatam (Potenciais Impactos e Riscos Ambientais da Indústria do Petróleo e Gás no Amazonas)
desenvolvem ações específicas para a melhoria da qualidade de vida das nove comunidades instaladas às margens do Rio Solimões, assistidas pelo projeto.

Embora exista desde 2000, o programa se limitava inicialmente a coletar dados sobre o ecossistema da região, a fim de minimizar possíveis impactos ambientais decorrentes de vazamentos das embarcações da Petrobras, que transportam óleo e gás de Urucu, no centro da floresta amazônica, para Manaus.

Um dos coordenadores do programa, Alexandre Rivas, explica que "essa intervenção se deu mais incisivamente a partir deste ano, diante da demanda das populações para que o projeto não apenas coletasse dados, mas também levasse benefícios a eles". Segundo Rivas, os pesquisadores começaram pela organização social das populações envolvidas, necessária para o trabalho do grupo de Socioeconomia e para o recebimento dos benefícios.

"Nós levamos para eles uma alternativa de renda a partir da produção de húmus, utilizando a malva – as macrófitas aquáticas, vegetação abundante no Rio Amazonas", conta. Para isso, o grupo se uniu aos profissionais do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), "que já dispunham de uma técnica própria para esta função". Agora, acrescenta, essas pessoas poderão gerar renda por meio meio da venda do insumo ou das hortaliças produzidas a partir deles, no mercado de Manaus.

Já em uma segunda fase, os pesquisadores estão desenvolvendo trabalhos mais tecnológicos. "A população ribeirinha usa um sistema de trabalho desumano para a extração da malva. Vamos atuar para juntar a tecnologia ao trabalho deles, aumentando a eficiência e minimizando essa parte desumana e insalubre", conta o coordenador.

Ele explica que a plantação de malva é atividade predominante em certos trechos do Rio Solimões. Na várzea, ela é plantada durante a vazante das águas e colhida na cheia: "As pessoas passam horas por dia dentro da água, cortando e batendo a malva, para soltar a fibras e depois secá-las em terra. Em seguida são feitos os fardos para a comercialização. O que estamos tentando é adotar máquinas que possibilitem eliminar uma parte desse processo dentro da água".