Oferta de abertura industrial de países pobres pode derrubar "dominó", diz Rodrigues

14/12/2005 - 12h57

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O impasse das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma série de peças de dominó, empilhadas uma à frente para a outra, que podem ser derrubadas com uma única jogada, na opinião do ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. "Esses pilares estão empacados, alguém têm que mexer uma destas teclas para que o dominó caia", disse, em entrevista coletiva esta manhã, por telefone. Rodrigues está em Hong Kong, onde participa da 6ª Conferência Ministerial da OMC.

A jogada para derrubar o dominó, segundo o ministro, pode ser a oferta, por parte dos governos do Sul do planeta, de redução de suas tarifas sobre produtos industrializados. Para ele, a solução para sair do impasse é colocar em discussão o acesso a Mercados Não-agrícolas (Nama, pela sigla em inglês).

A grande dúvida, segundo Rodrigues, é saber qual o melhor momento de fazer a oferta. Ele considera que, se o Brasil apresentar sua posição agora, não irá conseguir nada em troca.. "Embora já tenhamos manifestado, assim como outros países, a disposição em tratar disso, é preciso que seja dentro de um conceito claro. Esta é uma rodada cujo motor é a agricultura, portanto, produtos não-agrícolas são secundários em relação aos ligados à agricultura."

Os governos de União Européia e Estados Unidos vêm exigindo que, em troca da abertura de seu mercado agrícola, os países em desenvolvimento reduzam tarifa para importação de produtos industriais. Já o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, insistiu ontem (13), em suas entrevistas durante a 6ª Reunião Ministerial da OMC que "a agricultura é o motor da Rodada Doha" – série de negociações comerciais iniciada em 2001. A rodada deveria ser concluída esta semana, na reunião em Hong Kong, mas a direção da OMC já admite que isso não deve ocorrer.