Envelopes de licitação para construção de gasoduto Coari-Manaus deverão ser abertos amanhã

14/12/2005 - 5h23

Nielmar de Oliveira
Enviado especial

Manaus - Deverão ser abertos amanhã (15) os últimos envelopes do processo de licitação para as obras de construção do gasoduto Coari-Manaus, prevista para começar no início de 2006. A informação é do coordenador de Gás e Energia da Petrobras na Amazônia, Ronaldo Mannarino, acrescentando que o projeto custará US$ 500 milhões e vai gerar uma economia para o país da ordem de US$ 350 milhões ao ano. "É um projeto que se paga em um ano e quatro meses, um recorde, dada a característica da matriz energética da Amazônia, baseada no consumo do óleo diesel pelas termelétricas", disse.

Mannarino lembrou que Manaus talvez seja a única cidade de seu porte, no mundo, a utilizar ainda o diesel como combustível para a geração elétrica. "Não existe nenhum lugar no mundo em que se consiga manter uma matriz energética de uma cidade como Manaus, com 1,5 milhão de habitantes, gerando energia a óleo diesel. Muito caro e muito mais poluente que o gás natural". Segundo o coordenador, a concessão em tempo recorde do licenciamento ambiental, feito pelos pesquisadores e técnicos do projeto Piatam (Potenciais Impactos e Riscos Ambientais da Indústria do Petróleo e Gás no Amazonas) com base em dados armazenados nos últimos cinco anos, possibilitou o adiantamento dos projetos.

"O Exército já abriu as clareiras e agora nós estamos fazendo o levantamento topográfico, com a abertura de uma picada para identificação dos melhores pontos de passagem. Se a licitação for concluída com êxito na quinta-feira, com a abertura dos últimos envelopes, a partir de janeiro as equipes serão mobilizadas para iniciar os trabalhos de campo, que começarão no início de março", informou Mannarino. Ele disse ser possível, no entanto, que em janeiro a balsa de lançamento marítimo da Petrobras inicie a travessia do Rio Negro: "A balsa já está seguindo para Manaus e vamos lançar os dutos no fundo do rio já no próximo mês".

O gás de Urucu, uma das maiores províncias petrolíferas da Petrobras em terra, deverá chegar à capital amazonense para pré-operação no primeiro trimestre de 2007. "Vamos trabalhar com uma primeira encomenda de 5,5 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Começaremos entregando 2,8 a 3 milhões de metros cúbicos por dia até chegarmos ao volume contratado".

O coordenador negou discordância das entidades locais sobre o projeto, mas admitiu "um oportunismo saudável" da Petrobras, ao utilizar dados do Projeto Piatam, "do qual é uma das patrocinadoras, junto com a Financiadora de Estudos e projetos (Finep)", para agilizar o processo de licenciamento ambiental. "Os estudos foram bem recebido por todos os segmentos, tanto o científico quanto por parte da sociedade civil", afirmou.