Qualquer acordo da OMC será prejudicial a países menos desenvolvidos, criticam movimentos sociais

12/12/2005 - 19h35

Brasília, 12/12/2005 (Agência Brasil - ABr) - Os movimentos sociais, representados na Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Rebrip), esperam o fracasso da 6ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), que começa amanhã (13) em Hong Kong, como parte da Rodada Doha.

Para a coordenadora da Rebrip, Fátima Mello, "qualquer resultado dessa reunião, qualquer acordo a que os governos cheguem, será um acordo injusto para os povos de países menos desenvolvidos que terão seus direitos ameaçados e significará perdas, principalmente para a população de baixa renda".

Ao longo das negociações dos próximos cinco dias entre os integrantes do G 20, a União Européia e os Estados Unidos, acrescentou, o governo brasileiro poderá acabar cedendo na área industrial e de serviços, em troca de ganhos na área agrícola. "Em nome de concessões para as exportações da grande agricultura comercial, como é o caso do agronegócio brasileiro, os governos teriam que oferecer concessões em termos de serviços públicos, como água, energia, educação à distância e outros serviços que são fundamentais para a população. Também teriam que fazer concessões na área da indústria, na capacidade de proteger nossa indústria com tarifas. E isso, claro, teria um impacto em termos de perda de emprego na indústria", observou.

A Rodada Doha teve início no Catar, em 2001, quando ministros se reuniram naquela capital e deram início às discussões sobre a redução de subsídios agrícolas oferecidos por países desenvolvidos aos seus agricultores, como estímulo à produção, e o fim da subvenção à exportação agrícola e industrial. Em 2003, em Cancun, houve uma primeira reunião de revisão da Rodada Doha, que teria duração de quatro anos. Portanto, este ano seria o limite para que se chegasse a um consenso.

Segundo Fátima Mello, os protestos contra as negociações já começaram em Hong Kong e prometem ser ainda mais enfáticos a partir de amanhã. Uma marcha sairá do hotel Victoria Park até o local da conferência, com faixas de protesto que vão carregar os seguintes slogans: Fiquem ao lado de seu povo, Pela rejeição da rodada antidesenvolvimento da OMC e Nenhum acordo é melhor que um mau acordo.

A Rebrip, que é afiliada da Aliança Social Continental, divulgou hoje (12) nota afirmando que considera qualquer acordo um benefício às empresas exportadoras e às grandes corporações. A representação brasileira dos movimentos sociais terá integrantes da Confederação Única dos Trabalhadores (CUT), da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento de Mulheres Camponesas e do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).