Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em fevereiro deste ano, a missionária norte-americana Dorthy Stang foi executada com dez tiros na região de Anapu, no Pará. No último fim de semana, os culpados começaram a ser punidos. Clodoaldo Batista foi condenado a 17 anos de prisão e Rayfran das Neves (o atirador, réu confesso), a 27 anos. O ministro interino da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Mário Mamede, disse que a condenação é uma "demonstração clara da autoridade do Estado brasileiro".
"A sentença para esses assassinatos perversos será fator inibidor de novos assassinatos e um desestímulo de práticas criminosas", afirmou Mamede. "Os executores foram condenados por crime qualificado, o que aponta para novos julgamentos de intermediário e mandantes desse assassinato cruel com data e hora marcada", disse ele.
O coordenador da Pastoral da Terra e advogado assistente da acusação, José Batista, espera que em seis meses os dois mandantes e o intermediário do assassinato da irmã Dorothy Stang também sejam julgados e condenados. Os fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Galvão, são os acusados de encomendar o assassinato. Amair Feijoli da Cunha, o Tato, seria o intermediário da execução. Os três já estão presos.
"O julgamento deste final de semana foi importante porque o próprio tribunal reconheceu que se trata de um crime praticado sob promessa financeira", ressaltou Batista, para quem é necessário um acompanhamento atento do caso pelo fato de os fazendeiros terem condições de pagar bons advogados para protelar o julgamento.
"Em geral, os mandantes são ricos e influentes no estado. Só no Pará, temos parados 30 processos de assassinato por encomenda de lideranças do campo. Em geral, os mandantes são ricos e influentes no estado. Para acabar com o conflito, é fundamental que o governo faça a reforma agrária. São 20 mil famílias paraenses esperando o assentamento."