Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Índios da tribo Krahô-Kanela do Tocantins, integrantes da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado e representantes do Conselho Indigenista Brasileiro (Cimi) devem se encontrar amanhã (13) com o vice-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Roberto Lustosa, para discutir a demarcação das terras. O encontro foi marcado hoje (12) em audiência pública no Senado.
O vice-presidente da comissão, senador Paulo Paim (PT-RS), sugeriu a ida de integrantes da CDH ao Tocantins para apurar a situação de conflito em que vivem mais de 400 índios da tribo. Há mais de 20 anos os indígenas enfrentam o impasse para a demarcação da terra do povo Krahô-Kanela.
Hoje, cerca de 90 índios vivem confinados em uma casa em Gurupi, no Tocantins, por conta do impasse. De acordo com a Funai, estudos antropológicos realizados nas terras ocupadas até 1977 pelos Krahô indicam que a área de 29,3 mil hectares não é identificada como local tradicional do grupo.
"Há 28 anos lutamos para que a Funai resolva a demarcação da terra. Hoje estamos numa casa que fica onde era o antigo lixão da cidade. Não temos produzir nada naquela região e 80% dos índios já estão contaminados com doenças", disse o cacique da tribo, Mariano Krahô-Kanela.
O advogado do Cimi, Paulo Machado, alega que a falta de uma decisão por parte da Funai constrange o povo Krahô. "Estão deixando esse povo no limbo. A vigilância sanitária está em tempo de fechar a casa", disse.
A sub-procuradora geral da República, Déborah Duprat, afirmou que a demarcação das terras da comunidade Krahô não significa, apenas, a demarcação física, mas sim o símbolo de um povo. "Além de todas as violências físicas e morais que o povo Krahô sofre, ainda há o absoluto descaso do órgão indigenista quanto às suas terras", disse.
De acordo com a representante da Funai na audiência Pública, Natja Binda, o processo de demarcação das áreas conta com "praticamente só a fala dos Krahô", ao contrário do que afirmava os índios da comunidade. Ela também deve participar da reunião de amanhã.