Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Organizações não-governamentais (ONGs), instituições e personalidades que desenvolveram trabalhos de destaque em defesa dos direitos humanos no país foram premiados hoje (12) pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. O Prêmio Direitos Humanos 2005 foi entregue em cerimônia no Salão Negro do Ministério da Justiça. O prêmio foi criado em 1995 e é promovido todos os anos pelo governo federal.
De acordo com o ministro interino da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Mário Mamede, esse foi um reconhecimento simbólico. "É uma maneira de homenagear pessoas, organizações e instituições que se dedicam à luta pelos direitos humanos e oferecem o melhor de si nessa militância. Gostaríamos de poder premiar mais pessoas e entidades. No entanto, esse é um reconhecimento simbólico", afirmou.
Foram premiados quatro destaques em ONGs, instituições e personalidades. As ONGs selecionadas foram o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), a Central Única das Favelas (Cufa), o Grupo em Defesa da Diversidade Afetivo-Sexual (Divas) e o Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas.
Na categoria Instituições, foram premiadas a Comissão de Direitos Humanos da Universidade Federal da Paraíba (CDH-UFPB), o Núcleo de Direitos Humanos do Ministério Público do Estado de Alagoas, a Prefeitura Municipal de Iconha (ES) e o Conselho Federal de Psicologia.
No quesito Personalidades, Mãe Hilda Jitolu, de Salvador, foi uma das premiadas, como líder de um dos terreiros mais tradicionais da cidade e símbolo de resistência das religiões de matriz africana. Além dela, o Padre Saverio Paolillo, de Vitória, foi escolhido por ser coordenador do Atendimento Integrado à Criança e ao Adolescente da cidade de Serra, no Espírito Santo. Ele denunciou agentes do estado envolvidos no extermínio de adolescentes e os maus-tratos nas unidades de atendimento.
Eunice Damasceno, de Fortaleza, outra personalidade premiada, foi pioneira do movimento de atenção às pessoas portadoras de necessidades especiais no Nordeste e fundadora de associações de deficientes na região. A quarta premiada foi a escritora Glória Perez, do Rio de Janeiro. Por seu trabalho, deu visibilidade à situação dos portadores de deficiência visual e costuma enfocar problemas sociais e de direitos humanos nas novelas que escreve.
A família do militante de direitos humanos Matheus Afonso Medeiros recebeu o Prêmio Especial Post Mortem. Morto no início do ano, Matheus lutou pelos direitos humanos e por uma sociedade mais justa. Ele trabalhava na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e foi um dos idealizadores da campanha Quem financia a baixaria é contra a cidadania. Além disso, participou da Caravana da Defesa dos Direitos Indígenas.
O ministro Mário Mamede aproveitou a ocasião para lembrar que a volta do status de ministério à Secretaria Especial de Direitos Humanos dá ao cargo uma posição política melhor. "Maior representação simbólica, maior capacidade de gestão, melhora a relação com outros ministérios, instituições de estado, autoridades de unidades federativas e a sociedade, bem como a representatividade do estado brasileiro no cenário internacional", destacou.