Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio – O fundo de pensão dos funcionários da Petrobras (Petros) está pedindo informações à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios sobre os critérios e metodologia aplicados no relatório divulgado pelo deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), sub-relator de Fundos de Pensão da CPMI. ACM Neto apontou perdas no sistema da ordem de R$ 729 milhões em operações na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).
A Petros e a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) contestam esse prejuízo, que consideram generalizado. O presidente da Previ, Sérgio Rosa, garantiu que, no geral, os fundos de pensão brasileiros estão superavitários. A Previ, por exemplo, deve fechar o ano de 2005 com superávit de R$ 2,5 bilhões a R$ 4 bilhões.
O patrimônio da Previ soma R$ 78 bilhões e é suficiente para honrar os compromissos com os 400 mil associados e familiares que são de R$ 50 bilhões, revelou Sérgio Rosa. Já a Petros deve encerrar o atual exercício com rentabilidade de 19%, em função do superávit financeiro estimado em cerca de R$ 250 milhões, informou o presidente da entidade, Wagner Pinheiro.
Os esclarecimentos pedidos à CPMI servirão para que a Petros possa se defender, explicou Pinheiro. Ele revelou que irá solicitar também à CPMI que apure os vazamentos do sigilo bancário das operações realizadas pelos fundos, "porque isso é inconstitucional". Pinheiro disse ter solicitado também à Comissão de Valores Mobiliários e gestores de fundos exclusivos da entidade informações mais detalhadas das operações efetuadas nos últimos cinco anos, "até para nos ajudar a desvendar esse relatório precário, que está, de maneira tão negativa, atingindo a imagem da Petros", disse.
O presidente da Previ, Sérgio Rosa, acredita que há uma intenção deliberada de desviar o foco da CPMI dos Correios para os fundos de pensão. "Acho que tem grandes sinais nesse sentido, de querer esticar o assunto para manter uma parte das investigações em aberto", declarou.
Sérgio Rosa afirmou que "infelizmente, a Previ, como é um fundo de pensão, acaba sendo arrastada no meio desse processo de denúncia um tanto precipitada, bastante generalizante, pouco cautelosa". A Previ também vai questionar o vazamento dos dados sigilosos pelo sub-relator dos Fundos de Pensão da CPMI, mas afirmou que o fundo também pretende solicitar esclarecimentos sobre o fato.
Wagner Pinheiro esclareceu que a apuração das questões, solicitada à CPMI, objetiva que o setor possa "continuar confiando no Congresso Nacional como um órgão público de defesa da sociedade brasileira". O presidente da Previ afirmou que os fundos têm colaborado com a comissão de forma permanente, sem bloquear a verdade em nenhum momento. Segundo Rosa, o relatório vazado contém "um exagero no tratamento e na ênfase que tem sido dada à questão dos fundos".