Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O debate sobre a questão Elementos de uma Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável gerou polêmica hoje (12) entre os participantes da 2ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, o penúltimo dia do encontro. Para a representante da Federação das Entidades Ambientalistas Potiguares, do Rio Grande do Norte, da Cecília Pugliese, a preocupação com o meio ambiente sempre deve vir em primeiro lugar.
A ambientalista disse que as atividades econômicas só se justificam se forem concebidas com base no desenvolvimento sustentável. "Para mim, é obvio que a gente não pode mais discutir plantios exclusivamente econômicos. O desenvolvimento sustentável quer dizer que a gente pode ter atividades econômicas sempre e quando essas atividades não venham a destruir os recursos ambientais", destacou.
Representante da sociedade civil no encontro, Cecília Pugliese é um dos 1,5 mil delegados que participam da conferência. Ela salientou que o desenvolvimento puramente econômico pode até mesmo colocar em risco a espécie humana. "A nossa preocupação é com a extinção da espécie humana, se não houver um equilíbrio realmente entre o uso sustentável dos recursos naturais fora de áreas de preservação ambiental."
Já o representante da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Reny Lima criticou a "radicalização de propostas". "Não podemos radicalizar, temos que afunilar as propostas e manter um nível de discussão para que todas as coisas que aconteçam no Brasil sejam construídas com bom senso e agradem a todos os lados", disse o delegado, que representa o setor empresarial na conferência.
Para Lima, é preciso que os aspectos econômicos, sociais e ambientais caminhem juntos. "Não temos como radicalizar uma proposta, só querer meio ambiente. Senão, quem vai manter o meio ambiente, vai gerar emprego e gerar renda? Temos que manter o meio ambiente, essa é uma preocupação nossa, mas também temos que gerar renda e emprego – e quem faz isso é o setor empresarial."
O representante da Faep disse que um dos caminhos para conciliar os interesses é investir em tecnologia. Segundo ele, o plantio de soja transgênica, por exemplo, utiliza três vezes menos agrotóxicos que a produção tradicional. "São tecnologias que têm que ser discutidas, que vieram para aumentar a produtividade e é isso que nós precisamos".
Na avaliação do representante do Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento Vicente Puhl "é possível e é necessário conciliar o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente". Ele afirmou que para isso é preciso adotar práticas alternativas no plantio.
Como exemplo, Puhl cita o uso de venenos naturais em vez de agrotóxicos químicos para combater as pragas e doenças, como uma planta chamada nin. "É possível fazer da semente dela, da folha dela, dezenas de venenos alternativos que matam lagartas, por exemplo, mas que são naturais e não agridem o meio ambiente", explicou ele, que presta assistência técnica a pequenos produtores, para ensiná-los técnicas de produção que não prejudicam o meio ambiente.