Brasília, 12/12/2005 (Agência Brasil - ABr) - A ampliação de oito para nove anos da permanência dos estudantes no Ensino Fundamental, com matrícula a partir dos seis anos de idade, pode ser positiva desde que garanta a qualidade da educação, tanto nas escolas públicas como nas particulares. A avaliação é do professor Aderson Costa Júnior, do Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento, da Universidade de Brasília (UnB).
Para o professor, se for aliado à melhoria da qualidade do ensino e do treinamento de professores, o aumento de um ano poderá ser vantajoso para a educação brasileira. "Isso vai aumentar não só a permanência das crianças na escola, mas também vai aproximar o Brasil de outros países, onde a média de anos na escola é bastante superior à brasileira. Mas é preciso garantir que o sistema tenha condição de atender a essas crianças – e de atender com qualidade", afirmou.
O texto do Projeto de Lei nº 3.675, de 2004, foi aprovado no dia 24 de novembro e estabelece que estados e municípios terão prazo até 2010 para instituir o ensino de nove anos. O prazo, segundo o Ministério da Educação, é necessário porque a ampliação tem implicações em áreas como currículo, proposta pedagógica e material didático.
De acordo com o ministério, a medida vai uniformizar o sistema de educação básica, pois no país coexistem escolas que oferecem ensino com duração de oito e de nove anos. Doze estados e mais de mil municípios já adotaram os nove anos de ensino fundamental.
Segundo o professor, "faltam pré-escolas públicas e faltam vagas". Ele explicou que são muitas as crianças que poderiam estar na escola, no antigo Jardim. Dados divulgados em novembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), obtidos por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-2004), mostram que um em cada cinco brasileiros em idade pré-escolar (crianças de 5 a 6 anos) está fora da escola.
Os sistemas de ensino estaduais, na opinião de Costa Júnior, deveriam promover "uma reciclagem", incluindo atualização de professores e uso de novas tecnologias, a adequação do processo de ensino às necessidades das crianças, além da regionalização do ensino. "É preciso criar um sistema adequado de treinamento, no qual o professor possa oferecer a essa criança com menos idade uma qualidade de ensino adequada à compreensão desse estudante. Isso tem que ser descentralizado nas regiões brasileiras", acrescentou.