Parentes das vítimas do ônibus 350 pedem paz e justiça

10/12/2005 - 11h25

Norma Nery
Repórter da Agência Brasil

Rio - Mais de duzentas pessoas participaram hoje do Ato Pela Paz e em Solidariedade às Vítimas do 350, realizado no mesmo local em que um ônibus foi incendiado, no dia 29 último, no bairro da Penha Circular, na Zona Norte do Rio. Naquela noite, a violência chocou o país e alcançou repercussão internacional. A manifestação de hoje foi marcada por flores, lenços brancos, bandeiras com a palavra paz e cartazes em solidariedade às vítimas e contra a impunidade.

O ato, organizado pelo Fórum Pela Paz da Penha Circular, Vila da Penha e Braz de Pina, reuniu representantes de 25 entidades e de igrejas. Parentes das cinco pessoas que morreram e das 14 que ficaram feridas também participaram. Entre eles, José Messias de Freitas Eusébio, pai da estudante de Pedagogia Viviane de Souza Eusébio, 21 anos, que está internada no Hospital do Andaraí, com 60% do corpo queimado.

José Messias espera que os envolvidos no ataque ao ônibus sejam punidos. Ele lembrou que o traficante Anderson Gonçalves dos Santos, o Lorde, suspeito de ser o mandante do crime, deixou a cadeia em maio e precisa ser preso de novo. Ele falou, também, sobre a participação de uma adolescente de 13 anos no caso. " Essa garota de 13 anos é uma vítima também. Só que ela é uma vítima sem dor e todos os que estão aqui são vítimas com dor", explicou.

Mauro Casemiro Lima de Sá, sobrinho de Luis Antonio Carvalho, de 52 anos, que morreu no incêndio, disse que a violência não é só causada pela omissão dos governantes, "mas é também problema nosso, que escolhemos os governantes".

O Fórum, que reúne os moradores de três grandes bairros da região da Leopoldina, foi criado no início da Campanha Nacional pelo Desarmamento. O diretor da entidade, Wanderley Giarolla, explicou que o ato teve o objetivo, também, de não deixar a sociedade se acovardar para cobrar das autoridades ações necessárias para melhorar a qualidade de vida.

Nova reunião do fórum está marcada para a próxima terça-feira (13), às 19h30, no Clube Irapuá, próximo ao local do crime. É para definir novas ações sobre o caso.