Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os presidentes dos países sul-americanos devem voltar a discutir a declaração final da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa) durante a 29ª Reunião da Cúpula do Mercosul – que ocorrerá hoje (8) e amanhã em Montevidéu, capital uruguaia. Na 1ª Reunião de Chefes de Estado da Casa – em Brasília – o presidente venezuelano, Hugo Chávez, chegou a dizer que não assinaria a declaração por falta de aprofundamento do debate político do documento.
Marcelo Coutinho, coordenador do Observatório Político Sul-Americano do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), acredita que as discussões sobre a criação da Comissão Sul não devem avançar. "Chávez apresentou a questão de última hora e pareceu, na reunião dos países sul-americanos que a Venezuela queria assumir o processo de criação da Comissão Sul-Americana", disse. Para Coutinho, é possível que Chávez não retome o assunto porque pode atrapalhar nas negociações da entrada da Venezuela no Mercosul como membro-pleno. "Pode ser uma pedra no caminho para a entrada de Chávez no Mercosul. Trazer o assunto à tona poderá tornar o processo mais difícil", explicou.
Na reunião da Comunidade Sul-Americana, Chávez lembrou a proposta apresentada por ele e pelo presidente uruguaio Tabaré Vazquez de criar uma Comissão Sul – que seria encarregada de definir um "Plano Estratégico 2005-2010 para a verdadeira integração sul-americana". No entanto, Chávez mudou de posição e assinou o documento depois de argumentações do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Lula sugeriu, à época, que a Casa voltasse a se encontrar na reunião do Mercosul para aprofundar as discussões.
Segundo o embaixador José Eduardo Felício, subsecretário-geral da América do Sul do Itamaraty, a reunião está marcada. "Pedimos aos uruguaios que convocassem uma reunião dos presidentes sul-americanos. Eles pretendem fazer assim que terminar a reunião do Mercosul na sexta-feira mesmo", explicou Felício. O embaixador destacou que as propostas dos presidentes venezuelano e uruguaio serão discutidas. "Há várias idéias que têm que ser aprofundadas, inclusive a proposta de se criar uma comissão que se pense o futuro da Comunidade Sul- Americana de Nações", afirmou.
