Focos de febre aftosa não afetam exportações brasileiras, avalia Confederação da Agricultura

08/12/2005 - 18h37

Fernanda Muylaert
Da Agência Brasil

Brasília – Apesar dos problemas enfrentados pela agropecuária em função dos focos de febre aftosa registrados este ano em alguns estados brasileiros, o país continua sendo o líder mundial na exportação de carne bovina. A informação é de Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte, dentro da Confederação da Agricultura (CNA). Nogueira divulgou hoje (8), em Brasília, os resultados do estudo "Indicadores Pecuários".

O estudo, realizado pela CNA e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), comprova que as previsões sobre exportações e o faturamento de carne bovina no Brasil estão dentro dos prognósticos da confederação. "Nosso faturamento deve chegar aos US$ 3 bilhões. Além disso, podemos observar que o Brasil está recuperando os preços internacionais , o que é muito importante para nós", afirma Antenor Nogueira. Segundo ele, o número esperado é 25,13% superior aos US$ 2,4 bilhões registrados entre dezembro de 2003 e novembro de 2004.

Com o grande número de exportações, a Rússia ganha destaque no cenário brasileiro, liderando as importações individuais do produto bovino. Dados contidos no estudo mostram que, só em novembro deste ano, a receita brasileira com vendas para os russos somou US$ 530,4 milhões, um incremento de 132%, se comparado com as receitas do mesmo período do ano passado.

Mas mesmo com o balanço positivo nos índices de exportação, o documento constata uma queda de 7,5% na arroba entre os meses de janeiro e outubro. Essa diminuição é seguida também do aumento, em 6,2%, dos custos totais de produção nesse mesmo período. Com isso, explica Antenor, há uma queda de renda para o criador de gado e uma redução na capacidade de investimento do rebanho. "Os focos de aftosa prejudicaram a recuperação desses preços".

De acordo com o presidente do fórum, o governo tentará conversar com criadores de gado do Paraguai e da Bolívia para que haja um acordo visando o controle sanitário nas fronteiras do Brasil e a erradicação da febre aftosa. "Temos que estabelecer contatos com produtores desses países para que eles possam, em ação conjunta com o governo brasileiro, estabelecer providências que reduzam esses problemas enfrentados nos últimos meses".

Ainda segundo Antenor Nogueira, a expectativa é a de que o posto de principal exportador de carne bovina do mundo continue pertencendo ao Brasil. "A tendência é que 2006 seja um ano bem melhor. Devemos ter o abate de matrizes, a redução da oferta do bezerro, que acarreta na diminuição do abate de fêmeas e na abertura do espaço para o boi", conclui.