Ensino sobre democracia e respeito deve começar no ensino fundamental, afirma educadora

08/12/2005 - 17h16

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A educação para paz deve começar no ensino fundamental. Esta á a opinião da fundadora da Organização Não-Governamental Palas Athena, Lia Diskin. Ao longo de uma carreira de mais de três décadas, Lia já capacitou mais de 30 mil professores da rede pública de ensino fundamental em educação para a paz. "Se a relação democrática e respeitosa não começa na pré-escola, temos que admitir que será muito difícil conseguir a educação para a paz na pós-graduação", analisa.

Diskin acrescenta que os professores também devem ser educados para a cultura da pacificidade. "Não podemos instrumentar o professor apenas com bons sentimentos e boas atitudes. Isso tem que fazer parte de um repertório de conhecimento organizado. O que costumo chamar de novas tecnologias para a convivência, que é uma comunicação menos violenta", relata. Ela acentua que a violência infantil é um retrato o comportamento hostil dos adultos.

De acordo com a educadora, o primeiro passo para uma cultura mais pacífica é o reconhecimento da violência. "Precisamos reconhecer que vivemos dentro de uma cultura de violência. Quando o pai ameaça o filho ao afirmar que só dará a sobremesa se ele arrumar o quarto, há uma pratica de violência. Uma vez que se percebe isso, começamos a trabalhar em uma cultura que permita relações mais igualitárias e menos prepotentes", acentua.

Diskin assegura que houve uma evolução nos últimos anos: hoje um aluno pode discutir a avaliação do professor, contestá-la ou pedir revisão. "Isso era impensado há alguns anos", ressalta.

Lia Diskin participou hoje (08) do Seminário Internacional Educação para a Paz e Direitos Humanos que termina amanhã (09), em Brasília. O encontro reúne professores, estudantes, ativistas, gestores públicos e integrantes dos comitês nacional e regional de educação em direitos humanos.