Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A indústria da construção civil no país deve fechar este ano com um crescimento de apenas 1%. A expectativa no início do ano era de elevação de 4,6%, afirma o Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP). Na avaliação da entidade, os fatores que contribuíram para esse desempenho foram a manutenção de juros elevados, o contingenciamento de recursos para investimentos do governo federal e a retração dos investimentos privados em função da crise política.
Nos dez primeiros meses deste ano, o número de novos empregos criados somou 143,5 mil em todo o país, um crescimento de 11,16% em relação ao ano passado, segundo o Sinduscon-SP, que usou como base os dados do Ministério do Trabalho. Segundo o presidente da entidade, João Cláudio Robusti, o crescimento possivelmente aponta o ingresso de trabalhadores no mercado formal. "Ou seja, o setor formal ainda está longe de preencher o potencial de geração de empregos que teria se (o setor) estivesse realmente crescendo".
Robusti afirmou que 63% do setor do mercado de construção civil é informal, o que leva a fatia formal do setor a carregar sozinha uma carga tributária calculada em 45%. Ele ressaltou que é preciso incentivar a formalização das empresas e conseqüentemente aumentar a arrecadação. "Assim o setor formal pagará menos porque não agüenta e está sendo estimulado a procurar a informalidade porque realmente a carga pesa demais inviabilizando seus negócios".
Na avaliação de Robusti, a medida provisória que desonera tributos de vários setores da economia, a chamada MP do Bem, aprovada recentemente no Congresso, já começa a mostrar seus efeitos positivos para o setor da construção. Entre os benefícios citados por Robusti, estão incentivos como a isenção do pagamento de impostos para imóveis até R$ 35 mil, para a venda e compra de outro imóvel em até 180 dias e a redução do imposto de renda pago sobre o lucro do valor da venda. "Tudo isso nós já estamos sentindo, tanto é que em 2005 o setor que apresentou mais dinâmica foi o do mercado imobiliário. Os reflexos ainda estão se iniciando. No ano que vem a MP do Bem vai criar um mercado muito mais pujante do que tivemos em 2005", avaliou.
Ainda segundo o presidente do Sinduscon-SP, a entidade trabalha com dois cenários de previsões para 2006: no melhor cenário, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceria 3,3% e o setor 5,1%; no cenário menos favorável, o PIB cresceria menos de 2% e o setor da construção menos de 3%".