Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A indústria brasileira pretende acompanhar de perto as negociações da 6ª Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), que acontece de 13 a 18 deste mês em Hong Kong. Os empresários temem que o Brasil ofereça redução nas tarifas sobre importação de bens industriais, em troca de acesso ao mercado europeu para produtos agrícolas.
"Consideramos que o nível de proteção tarifária não pode ser reduzido, sob pena de afetarmos de forma direta setores importantes da indústria brasileira", afirmou hoje (7) Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Na última quinta-feira, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o ministro das relações Exteriores, Celso Amorim, assegurou que o único "aceno" do Brasil na área industrial é a redução da tarifa média de 10,8% para 9,9%.
A afirmação não tranqüilizou Monteiro. "O nível médio da tarifa efetivamente praticada no Brasil se situa em torno de 12%, um patamar inferior ao de vários países emergentes. Não há, nesse momento, condições de pensar em redução", enfatizou.
Monteiro Neto destacou que a indústria brasileira "ainda padece" do problema do Custo Brasil, por ele definido como um conjunto de ineficiências que acarretam custo para as empresas e que tiram do Brasil a possibilidade de expor a indústria nacional em um processo de abertura de mercado.
"Além destas questões de ineficiência, custo de capital e carga tributária, o momento da política cambial é extremamente penalizante para a empresa brasileira", afirmou. "Acho que nesse momento a margem que temos de negociação é pequena e não temos muita expectativa no resultado dessa negociação", avaliou.
Monteiro esteve hoje em Brasília apresentando ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial um programa de obras emergenciais para recuperação da infra-estrutura para transporte de cargas do país.