Carolina Pimentel
Repórter da Agencia Brasil
Brasília – A idéia do presidente Lula sobre um encontro entre chefes de Estado de países ricos e pobres para destravar as negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) foi bem recebida pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, revelou hoje (7) pela manhã o resultado da conversa telefônica de meia hora que Lula teve com Bush.
A idéia inicial do presidente brasileiro é de que o encontro ocorresse antes da reunião ministerial da OMC em Hong Kong, entre os dias 13 e 18 deste mês, e que deveria concluir a Rodada Doha, série de negociações iniciada em 2001. Agora, a intenção é que o encontro dos presidentes e primeiro-ministros aconteça em janeiro. De acordo com Celso Amorim, os presidentes brasileiro e americano entendem que a União Européia precisa avançar sobre o fim dos subsídios agrícolas e as negociações devem prosseguir depois da reunião de Hong Kong.
"Bush compartilha dessa avaliação de que realmente as coisas estão paradas e que é preciso levar a União Européia avançar. Isso vai envolver, naturalmente, a necessidade de alguns países saírem das posições muito entrincheiradas que têm hoje". E acrescentou: "Bush disse e o presidente Lula concordou que Hong Kong não é o final, não pode ser visto como final, mas tem que ser um momento importante e que os líderes se coloquem de acordo para alcançar resultados positivos vitais para o comércio, desenvolvimento econômico, manutenção da segurança internacional e combate à pobreza".
Lula apresentou a mesma sugestão, na semana passada, ao primeiro-ministro da Inglaterra, Tony Blair, que também recebeu bem a proposta. Na tentativa de alavancar a Rodada de Doha, Lula tem mantido contato com o governo argentino e mandou mensagens para os presidentes da China, África do Sul e o primeiro-ministro da Índia, conforme o ministro.
Durante o telefonema, Bush, segundo Celso Amorim, elogiou a liderança exercida pelo presidente brasileiro para o fim dos subsídios agrícolas. "Os Estados Unidos fizeram um gesto na área de apoio interno e esperamos que possam fazer mais, mas entendemos que para isso ocorra a União Européia tem de ter também movimento importante na área de acesso a mercados e produtos agrícolas, coisa que ate hoje não ocorreu. E necessária uma verdadeira liderança política".
Segundo o ministro, o Brasil está disposto a abrir mão de benefícios se as nações ricas fizerem o mesmo. "A nossa flexibilidade é limitada e proporcional ao que os países ricos podem fazer em agricultura, especificamente na redução de tarifas para produtos agrícolas".
Lula relatou ainda a Bush os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que constatou redução das desigualdades sociais no país. De acordo com o relato de Amorim, Bush elogiou os dados e sugeriu que eles sejam levados ao conhecimento das Nações Unidas.