Exemplo de cidade mineira será levado a debate sobre exploração feminina e infantil em mineração

07/12/2005 - 17h11

Rio – A experiência brasileira de combate ao trabalho infantil na extração de pedra-sabão realizada na região de Ouro Preto (MG) será levada ao Rio de Janeiro amanhã (7), quando começa a segunda etapa do Ciclo de Conferências sobre "A Questão de Gênero e Trabalho Infantil na Mineração Artesanal Sul-Americana". Além do Brasil, participam Argentina, Bolívia e Peru.

A situação brasileira do trabalho infantil na mineração está sendo pesquisada pelo Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do Ministério da Ciência e Tecnologia. O Cetem participa também do evento, que faz parte do Programa Sul-Americano de Apoio às Atividades de Cooperação em Ciência e Tecnologia (Prosul), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A coordenadora do Cetem no Prosul, Zuleica Castilhos, disse que o exemplo detectado no município Mata dos Palmitos pelos técnicos do Cetem "é que já existe, senão uma consciência, um conhecimento de que essa é uma prática condenável". Além da motivação financeira, a coordenadora afirmou que o trabalho infantil na atividade de mineração "tem toda uma parte cultural". Ela revelou que a maior parte dos artesãos de pedra sabão daquele município mineiro informou ter começado a trabalhar com seis ou sete anos.

Como os dados formais existentes na pequena mineração apresentam uma qualidade duvidosa, Zuleica Castilhos afirmou que é preciso começar um trabalho de campo, "para observar bem a situação". Segundo a pesquisadora, a reversão dessa situação não pode ser feita de uma hora para outra. "É preciso um contato maior com as pessoas, uma relação de confiança que requer mais tempo e dedicação, até para poder acessar a lógica deles em relação ao trabalho das crianças e adolescentes", explicou.

A idéia, disse a coordenadora do projeto, é integrar a ação do Cetem com a dos demais órgãos governamentais que lutam pela erradicação do trabalho infantil.