Ex-diretor do Banco do Brasil não explica porque concentrou na DNA os contratos da Visanet

07/12/2005 - 20h34

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, não conseguiu explicar hoje (7) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios porque a instituição decidiu, em 2003, concentrar na agência de publicidade DNA as campanhas de publicidade do cartão Ourocard-Visa.

Desde 2001, segundo Pizzolato, o Banco do Brasil antecipava recursos para publicidade do cartão de crédito. Mas o deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP) afirma que, até 2002, estas antecipações eram diluídas entre três empresas que tinham a conta de publicidade do Banco do Brasil, inclusive a DNA. Em 2003, Pizzolato e assinou documento concentrando o repasse destes recursos na DNA, de propriedade do empresário Marcos Valério de Souza.

"Se o senhor não disser quem o induziu a este erro, o senhor deixará de ser suspeito e passará a ser culpado por não ter desfeito as acusações que pesam sobre a sua pessoa" questionou Cardozo, que é sub-relator de Contratos da CPMI. O ex-diretor de Marketing disse que, quando assinou este documento, tinha pouco tempo na instituição e seguiu as orientações do então diretor de Varejo, Fernando Barbosa, do gerente de Cartão de Crédito, Douglas Macedo, e do gerente de Propaganda, Cláudio de Castro Vasconcelos.

Depois de sete horas de depoimento Pizzolato não resistiu a pressão dos questionamentos dos deputados e senadores. Encerrado o depoimento, já com uma crise de labirintite, o ex-diretor do Banco do Brasil teve uma crise de choro na frente do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que presidia a sessão. Sua esposa, Andréia, amparou o marido e não poupou o PT: "O PT vai pagar pelo que fez com meu marido", disse ela, segundo relato de Faria de Sá.

Pouco antes do término do segundo depoimento na CPMI dos Correios, Pizzolato disse que "tudo indica ter sido um inocente útil" no processo de repasse de dinheiro do Banco do Brasil para Marcos Valério. Pizzolato disse ter decidido pedir sua aposentadoria do Banco do Brasil, após 31 anos de serviço público, porque não tinha mais condição de suportar a exposição pública a que vinha sendo submetida sua família, que reside no Rio de Janeiro, depois que o esquema envolvendo o PT e o empresário Marcos Valério veio a tona.

"O que eu quero da minha vida é que tudo isso fique claro. Não quero que nenhuma pessoa passe por 10% do que meu pai, minha esposa e minhas irmãs estão passando", afirmou aos parlamentares.