Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Mesmo com a perspectiva de crescimento menor do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, o economista Fábio Giambiagi, coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acredita que, desde novembro, a economia brasileira tem demonstrado sinais de recuperação, devido, basicamente, a dois fatores.
Giambiagi foi um dos responsáveis pelo estudo da entidade divulgado ontem (6), que apontou queda na estimativa do PIB 2005 e 2006. De acordo com o documento, o crescimento da soma das riquezas do país deve ficar em 2,3% e não em 3,5%, conforme previsto anteriormente. Para o ano que vem, a expectativa caiu de 4% para 3,4%
Na avaliação do economista, o primeiro fator que indica melhora na economia é a redução no nível de estoques, que foi "muito forte" no terceiro trimestre do ano. "O comércio continuou vendendo, mas mercadorias que já tinha. Não demandou tanto da indústria", informou. "Uma vez que o comércio não pode vender aquilo que não tem, concluído esse ajustamento de estoque, a tendência é que passe a demandar mais para fazer a reposição normal e as vendas continuem a se realizar em bom ritmo", avaliou.
A segunda razão, aponta Giambiagi, seria a dispersão dos efeitos da crise política dos últimos meses, que teriam influenciado negativamente o desempenho da economia. Ele lembra, ainda, que o início do processo de redução da taxa básica de juros (Selic) pode trazer impacto positivo na recuperação do nível de atividade. Desde maio deste ano, o Comitê de Política Monetária do Banco Central tem reduzido a taxa. Em reunião realizada em 23 de novembro, a Selic baixou de 19% para 18,5% ao ano.